Fórum internacional anticorrupção lança manifesto pela democracia e critica falas de Bolsonaro
Considerado o principal fórum global de discussão sobre a corrupção, a Conferência Internacional Anticorrupção (IACC, na sigla em inglês) emitiu um manifesto nessa quarta-feira (24) demonstrando "grande preocupação com as crescentes ameaças à sociedade civil e às instituições democráticas no Brasil".
A conferência reúne chefes de Estado, líderes da sociedade civil e representantes do setor privado -- todos com intuito de debater os desafios em relação à corrupção na contemporaneidade. Neste ano, levando em consideração a situação conturbada do cenário político brasileiro e as declarações antidemocráticas do candidato Jair Bolsonaro (PSL), o fórum emitiu um manifesto endereçado especificamente ao Brasil.
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Segundo os ativistas que participaram da Conferência, o texto foi elaborado tendo em vista as "recentes declarações do candidato presidencial brasileiro, Jair Bolsonaro, contra organizações da sociedade civil e a ameaça de criminalizar como terroristas alguns movimentos sociais".
O manifesto ainda situa o Brasil num contexto global de supressão das liberdades democráticas e, consequentemente, do enfraquecimento do combate à corrupção. "Nos últimos anos, temos visto com grande preocupação como os governos em diferentes partes do mundo têm tomado medidas para reduzir o espaço de expressão e ação da sociedade civil, enfraquecendo seriamente a luta contra a corrupção e a estabilidade democrática.", diz o texto, assinado por 170 ativistas de 63 países.
Leia a íntegra do manifesto:
Nos últimos anos, temos visto com grande preocupação como os governos em diferentes partes do mundo têm tomado medidas para reduzir o espaço de expressão e ação da sociedade civil, enfraquecendo seriamente a luta contra a corrupção e a estabilidade democrática.
Em vista das recentes declarações do candidato presidencial brasileiro, Jair Bolsonaro, contra organizações da sociedade civil e suas ameaças de criminalizar como terroristas alguns movimentos sociais, nós, abaixo assinados, ativistas da comunidade anticorrupção reunidos na 18ª Conferência Internacional Anticorrupção (IACC) na Dinamarca, manifestamos o seguinte:
Expressar nossa rejeição a qualquer tentativa de ameaçar a liberdade e a segurança da sociedade civil organizada e jornalistas investigativos ou a autonomia e legitimidade das instituições democráticas.
Convocar os candidatos das eleições brasileiras a implementarem, quando chegarem ao poder, uma política de respeito aos direitos dos cidadãos, bem como das organizações que representam a sociedade civil.
Convocar os mesmos candidatos a se comprometerem a defender e avançar os esforços recentes das instituições e da sociedade brasileiras para combater a corrupção e acabar com a impunidade histórica dos poderosos e ricos no país, esforços reconhecidos internacionalmente como bem-sucedidos e legítimos, inclusive com a concessão de prêmios à Força-Tarefa da Operação Lava-Jato, laureada com o Prêmio Internacional de Combate à Corrupção na última IACC de 2016 no Panamá.
Exigir que as instituições multilaterais, os governos democráticos e as organizações internacionais da sociedade civil em geral sejam vigilantes e impeçam qualquer intenção de reduzir o espaço para a sociedade civil no Brasil e em outras partes do mundo.
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