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Brasileira perde eleição na Flórida por 309 votos e planeja candidatura maior em 2020

Renata Castro Alves (esq.) durante campanha para a Câmara Municipal de Margate - Reprodução/Facebook
Renata Castro Alves (esq.) durante campanha para a Câmara Municipal de Margate Imagem: Reprodução/Facebook

Marcelo Freire

Do UOL, em São Paulo

13/11/2018 04h01

A advogada brasileira Renata Castro Alves, 35, esteve perto de entrar na política dos Estados Unidos nas eleições da última semana: 309 votos a mais e ela teria conseguido uma vaga na Câmara Municipal de Margate, na Flórida, cidade de 58 mil habitantes a 60 quilômetros de Miami.

A disputa ocorreu em conjunto com as eleições legislativas norte-americanas. Foi a segunda tentativa de Renata ao cargo equivalente ao de vereador no Brasil.

Na primeira vez, há dois anos, ela também ficou em segundo lugar, com 1.800 votos a menos do que a vencedora, Arlene Schwartz. Agora, foram 5.544 votos para a brasileira, ou 30,7% do eleitorado que compareceu às urnas, um pouco a menos do que os 5.853 votos (32,4%) que elegeram o concorrente, Antonio Arserio.

Foi um resultado "expressivo e significativo", nas palavras da fluminense de São Gonçalo que se estabeleceu na Flórida há 17 anos. Ela se formou em direito e se especializou no trabalho com imigrantes que chegam aos Estados Unidos.

Apesar do desempenho na corrida eleitoral, Renata não considera o segundo lugar motivo de comemoração. "O resultado só bom é quando se ganha. E eu imaginei que fosse ganhar, por uma margem pequena. Mas me colocou no radar e consegui quebrar a barreira dos 30% dos eleitores", diz, em entrevista ao UOL.

E essa visibilidade, diz a brasileira, não se limita aos cidadãos de Margate e pode permitir voos maiores daqui a dois anos. "Eu acredito que 2020 será o ano das minorias, que sairão em peso para tirar Donald Trump. Então eu posso me candidatar a deputada estadual do meu distrito, que é o eu gostaria, apesar de a campanha ser mais cara e cansativa."

Propaganda da brasileira Renata Castro Alves, candidata à Câmara Municipal de Margate, na Flórida - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

"Vou me candidatar, em Margate ou para o estado (câmara legislativa). Depende de onde eu tiver mais condições", diz a brasileira.

Ela explica que a vaga para a Câmara Legislativa tende a ser mais acessível, já que o eleitorado tende a se identificar com ela, advogada naturalizada americana, democrata, que luta pelo direito dos imigrantes e a presença das minorias na política. "O condado de Broward é muito progressista e democrata, mas tem suas partes conservadoras. Margate é uma delas", diz. "Em outras cidades próximas eu teria mais chances."

Desafio

Renata diz que essa onda conservadora, impulsionada pela retórica agressiva de Trump contra os imigrantes, foi um dos grandes obstáculos da última eleição, segundo ela.

"O ataque predileto do meu oponente [Arserio] era dizer que eu era uma advogada de imigrantes que tinha como trabalho roubar o emprego dos americanos. Senti isso na pele", conta. "Foram muitos ataques de fundo racial durante a campanha. A Flórida é um estado muito racista, não só contra imigrantes não documentados."

Se houver essa "subida de degrau" pela disputa ao cargo de deputada estadual, ela já sabe duas coisas que precisarão mudar daqui a dois anos: a verba - Renata Castro Alves gastou 28 mil dólares e arrecadou outros 8 mil para a disputa deste ano - e a contratação de um funcionário para cuidar da campanha. "Já tenho ideia do que fazer de diferente. Vou estar mais forte em 2020."