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Julian Assange, fundador do WikiLeaks, é preso

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo*

11/04/2019 06h42Atualizada em 11/04/2019 11h51

O fundador do WikiLeaks, o australiano Julian Assange, 47, foi preso hoje na embaixada do Equador em Londres, onde estava refugiado havia quase sete anos. A prisão ocorreu depois que o governo equatoriano retirou o asilo diplomático que mantinha Assange isolado na embaixada e chamou a polícia, segundo o comunicado da polícia britânica.

"A polícia metropolitana foi convidada à embaixada pelo embaixador [do Equador] após a retirada do asilo pelo governo equatoriano", diz a nota. A polícia informou ainda que Assange foi preso em virtude de um pedido feito pelos Estados Unidos e por ter violado as condições de liberdade condicional em 2012.

Assange vivia na embaixada equatoriana em Londres desde 2012, quando recebeu asilo que evitaria sua extradição para a Suécia, onde tinha uma ordem de prisão por crimes sexuais --ele temia que a Justiça sueca o entregasse para os EUA por vazamento de documentos confidenciais. Em 2017, no entanto, a Suécia desistiu das investigações contra ele.

Imagens exibidas por canais de televisão mostraram agentes da polícia de Londres retirando Assange do edifício da embaixada, que fica no elegante bairro londrino de Knightsbridge. Assange estava com uma longa barba branca e não reagiu à prisão.

Em 2010, o Wikileaks publicou milhares de documentos das Forças Armadas norte-americanas sobre as guerra do Afeganistão e Iraque, além de comunicados diplomáticos. Os EUA acusam Julian Assange de conspiração por tentar acessar dados confidenciais de um computador do governo americano, junto com o ex-analista de inteligência das Forças Armadas dos EUA Chelsea Manning, em 2010. Para o crime, é prevista pena de cinco anos de prisão.

A prisão em Londres pode ser um passo para uma possível extradição dele aos EUA.

O presidente equatoriano, Lenín Moreno, entretanto, disse que, ao revogar o asilo diplomático, pediu que Assange não fosse extraditado para algum país em que pudesse sofrer torturas ou pena de morte, e que o governo britânico acatou o pedido.

Fundador do WikiLeaks, Julian Assange, é preso na embaixada do Equador em Londres Imagem: Reprodução/Ruptly

A plataforma de difusão de documentos secretos WikiLeaks classificou a decisão como "ilegal" e "em violação ao direito internacional". A organização já havia alertado que o presidente equatoriano, Lenín Moreno, estava disposto a retirar de Assange a proteção diplomática concedida por seu antecessor, Rafael Correa,

Em seu perfil no Twitter, o WikiLeaks publicou que Assange "não saiu andando da embaixada". "O embaixador equatoriano convidou a polícia britânica para entrar e ele foi imediatamente preso", afirma a publicação.

Após a prisão, o governo do Equador anunciou a revogação da nacionalidade equatoriana de Assange.

Correa usou as redes sociais para dizer que o presidente do Equador humilha o país com a decisão. "Lenín Moreno, nefasto presidente do Equador, demonstrou sua miséria humana ao mundo, entregando Julian Assange --não apenas asilado, mas também cidadão equatoriano-- à polícia britânica", escreveu no Twitter."Isto coloca em risco a vida de Assange e humilha o Equador. Dia de luto mundial", completou Correa.

Presidente diz que Assange violou acordo

Na sua conta no Twitter, Moreno publicou um vídeo em que explica as razões pelas quais o governo equatoriano decidiu retirar o asilo diplomático de Assange. Ele afirma que "a conduta desrespeitosa e agressiva" de Assange e declarações ameaçadoras de sua organização tornaram o asilo inviável.

Segundo Moreno, quando assumiu a presidência, em 2017, ele estabeleceu um protocolo de convivência entre Assange e o governo equatoriano. "É o mínimo que alguém exige de um hóspede que recebe em sua casa", disse. O fundador do WikiLeaks, no entanto, teria violado as disposições expressas, inclusive, aquelas contidas nas convenções sobre asilo diplomático de Havana e Caracas.

"Violou particularmente a norma de não intervir nos assuntos internos de outros estados. O mais recente alerta nesse sentido aconteceu em 2019, quando o WikiLeaks vazou documentos do Vaticano. Claramente, membros dessa organização visitaram o senhor Assange antes e depois da dita violação", afirmou Moreno.

O presidente disse ainda que a paciência do Equador chegou ao limite com o comportamento de Assange, que teria instalado equipamentos eletrônicos não permitidos, bloqueado as câmeras de segurança da Missão Equatoriana em Londres, e até agredido e maltratado os seguranças da sede diplomática.

"Ele teve acesso sem permissão a arquivos de segurança da nossa embaixada. Mesmo tendo pedido para ficar incomunicável e isolado, rejeitando a conexão de internet oferecida pela embaixada, tem um celular com o qual se comunica com o mundo exterior", detalhou o mandatário equatoriano.

O ministro das Relações Exteriores do governo britânico, Jeremy Hunt, agradeceu a Moreno a colaboração.

"Julian Assange não é um herói e ninguém está acima da lei. Ele estava se escondendo da verdade por anos. Obrigado ao Equador e ao presidente Lenín Moreno por sua cooperação com o ministério das Relações Exteriores para assegurar que ele enfrente a Justiça", disse o ministro por meio da sua conta no Twitter. (*Com agências internacionais)

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