China vê "potencial enorme" em participação do Brasil na Nova Rota da Seda
Durante a visita do vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), o governo chinês deve deixar claro que faz questão da participação do Brasil em sua "Nova Rota da Seda", o grande projeto global de investimento em infraestruturas promovido por Pequim.
Em entrevista ao UOL, o embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, afirmou que o Brasil "tem todas as condições para ser um participante relevante na extensão da 'Nova Rota da Seda' ao continente, uma vez que as cooperações sino-brasileiras têm alicerce sólido e potencial enorme".
"O vice-presidente Mourão afirmou que o Brasil tem expectativas para a iniciativa e está disposto a ouvir as opiniões chinesas sobre a cooperação. Estamos dispostos a discutir com o lado brasileiro, no âmbito da Belt and Road Initiative [Iniciativa do Cinturão e Rota em português], para alinhar os planejamentos do desenvolvimento, promover a conectividade e concretizar a cooperação com benefícios mútuos e o desenvolvimento comum", diz Wanming.
O projeto Belt and Road Initiative foi batizado informalmente de "Nova Rota da Seda", em referência aos caminhos usados por terra e mar entre o sul da Ásia e a Europa para comercializar o tecido, formando a maior rota comercial do mundo antigo. O projeto de Pequim agora prevê um megainvestimento em infraestruturas para conectar o mundo aos mercados chineses --são portos, ferrovias, estradas, aeroportos e redes de telecomunicações.
Segundo o embaixador, 150 países e organizações internacionais já assinaram acordos de cooperação para o projeto, entre eles 19 países da América Latina e Caribe. Apesar da investida dos EUA para tentar conter a influência chinesa no continente americano --e no mundo todo--, o governo de Pequim conseguiu reunir, no mês passado, 38 chefes de Estado e de governo, junto com 6.000 representantes de 150 países e 92 organizações internacionais para debater o projeto.
Mourão desembarcou na China na noite de sábado (hora de Brasília) e deve passar a semana no país. Além de se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping, que deve vir ao Brasil em novembro para a cúpula dos Brics, o general deve ainda cuidar dos detalhes para a visita do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que, segundo o próprio Mourão, deve ocorrer em agosto.
"Acredito que esta série de troca de visitas de alto nível aumentará ainda mais a confiança política recíproca, aprofundando a cooperação mutuamente benéfica e amistosa, e promovendo a parceria estratégica global sino-brasileira para alcançar mais sucessos na nova era", afirma o diplomata chinês. "Nosso relacionamento está entrando numa nova etapa de desenvolvimento", diz.
Retomada de reuniões paradas desde 2015
É nesse contexto que Brasil e China retomam os trabalhos da Cosban (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação), parada desde 2015, antes do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). A comissão, criada em 2004, é tradicionalmente presidida pelos vice-presidentes dos dois países --do lado chinês, é representada por Wang Qishan.
Wanming celebrou ainda o fato de que, pouco depois de tomar posse, o novo governo brasileiro tenha decidido reativar a Cosban, "traçando o mapa de rotas das nossas cooperações para a próxima etapa, orientando o alinhamento das estratégias de desenvolvimento, integrando as agendas de desenvolvimento e promovendo o melhoramento de qualidade e a atualização da parceria sino-brasileira".
"Creio que os dois lados terão uma profunda troca de opiniões sobre política, economia e comércio, ciência e tecnologia, cultura e educação, e a iniciativa do Cinturão e Rota", afirma o embaixador. "A parte chinesa atribui grande importância a esta visita e mantém uma estreita comunicação com a parte brasileira em trabalhos preparatórios para que garante o sucesso da visita", diz.
O embaixador lembra ainda que China e o Brasil são "importantes mercados emergentes e os dois maiores países em desenvolvimento no hemisfério oriental e ocidental, respectivamente". "Os dois lados possuem o alicerce sólido de confiança política mútua, a cooperação pragmática frutífera, os intercâmbios humanísticos cada vez mais ativos e a estreita coordenação em assuntos regionais e internacionais."
Na China, Mourão passará por Pequim e Xangai. Ele tem ainda uma parada na Muralha da China e uma entrevista para a agência de notícias estatal chinesa, a Xinhua.
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