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Espanha acha 1,2 tonelada de cocaína escondida em carga de milho brasileiro

Droga estava no cargueiro Unispirit, de bandeira de Antígua e Barbuda e tripulação russa - Polícia Nacional da Espanha/Divulgação
Droga estava no cargueiro Unispirit, de bandeira de Antígua e Barbuda e tripulação russa Imagem: Polícia Nacional da Espanha/Divulgação

José Claudio Pimentel

Colaboração para o UOL, em Santos (SP)

22/10/2020 21h05

Autoridades espanholas anunciaram hoje (22) a apreensão de 1,2 tonelada de cocaína em uma carga de milho proveniente do Brasil. O carregamento estava no navio Unispirit, que já havia sido vistoriado em 2 de outubro no porto de São Sebastião, no litoral de São Paulo, quando mais 1,5 tonelada da droga foi localizada pela Polícia Federal e pela Receita Federal.

A nova apreensão ocorreu após alerta das autoridades brasileiras à Espanha de que mais entorpecentes poderiam estar escondidos no navio. O cargueiro, de bandeira de Antígua e Barbuda e tripulação russa, foi interceptado a 50 milhas náuticas (92 km) da Gran Canária e foi escoltado por barcos da aduana e da polícia local até o porto de Las Palmas.

Foram necessários cinco dias para as buscas, encerradas ontem (21). Apesar do flagrante, ninguém foi preso, assim como no Brasil, mas uma investigação com colaboração internacional foi aberta para tentar identificar os responsáveis pelo carregamento ilícito. O navio foi liberado para seguir viagem até porto de Cádiz, também na Espanha, onde faz nova escala.

"Nós demos o alerta aos espanhóis, pois era necessária a rechecagem da carga no destino. O navio estava transportando aproximadamente 4 mil bags [grandes sacas] com uma tonelada de milho cada", explicou o delegado-chefe da Polícia Federal em São Sebastião, Gilberto Antônio de Castro Júnior, que coordena as investigações sobre o caso no Brasil.

Operação em São Sebastião

Segundo o delegado, o milho é oriundo de produtores do Mato Grosso, mas não há indícios de que eles tenham relação como crime. A suspeita inicial é de que criminosos tenham se aproveitado de um carregamento lícito e escondido as centenas de tabletes de cocaína para justamente tentar despistar a fiscalização aduaneira e policial no porto.

"Trata-se de uma investigação que envolve outros países e, que por enquanto, não podemos falar sobre detalhes, nem eventuais suspeitos. Além disso, foi a primeira apreensão deste porte em São Sebastião", disse Castro Júnior. Segundo ele, a colaboração entre outras agências foi decisiva para que a apuração sobre o caso iniciasse e chegasse a outros locais.

Um trabalho de análise de risco motivou equipes do Fisco e da PF a inspecionar o navio no início de outubro, durante escala no litoral norte de São Paulo para o carregamento das bags com o grão. Quatro agentes trabalharam para tentar localizar, apenas com o auxílio de varetas, indícios de que os tabletes de cocaína estivessem escondidos no milho.

Centenas de tijolos estavam ocultos em algumas sacas, cuja responsabilidade pela exportação é de uma empresa brasileira, cujo nome não foi divulgado. A droga removida do navio, apreendida e encaminhada no dia seguinte, sob escolta, para a Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, por questões de segurança.

Local incomum

Por se tratar de algo inédito para o porto paulista, a polícia e a alfândega começam a considerar o cais São Sebastião como uma nova rota para o tráfico internacional de drogas. Com menos estrutura de fiscalização que os grandes complexos, a suspeita é que os narcotraficantes estejam começando a usar o local para enviar as remessas à Europa.

A 150 km, em Santos, também em São Paulo, está o principal porto do país, e as autoridades contabilizam a apreensão de mais de 14 toneladas de cocaína, com destino à Europa, em diversas operações realizadas com apoio de imagens de escâneres e cães farejadores. Em 2019, mais de 27 toneladas da droga foram interceptadas no cais.