Vídeo revela tartaruga gigante agindo como predadora de aves: 'assustador'
Colaboração para o UOL, em Santos
23/08/2021 19h07
Pesquisadores que estudam a natureza nas Ilhas Seychelles filmaram uma tartaruga gigante caçando e devorando um filhote de andorinha-do-mar em uma única mordida. Os cientistas dizem que esta é a primeira vez que essa espécie, considerada herbívora, é filmada caçando outro animal.
"É totalmente surpreendente e assustador", disse Justin Gerlach, ecologista que vive em uma ilha em Peterhouse, Cambridge, na Inglaterra. "A tartaruga está deliberadamente perseguindo o pássaro, o mata, e então o come. Então, sim, trata-se de uma caçadora".
O espanto dos cientistas se deve ao fato de que as tartarugas gigantes, agora encontradas apenas nas Ilhas Seychelles e Galápagos, eram consideradas herbívoras. Na verdade, acredita-se que suas dietas vegetarianas tenham moldado seus ecossistemas, de forma semelhante aos elefantes ou bisões.
Complementando a dieta
Em um artigo publicado na segunda-feira na revista Current Biology, o Dr. Gerlach e Anna Zora, co-autora da Frégate Island Foundation, explicam que há indícios de que os répteis gigantes podem complementar suas dietas de vez em quando. Às vezes, as tartarugas consomem cascas de caracol e ossos de pássaros mortos, cabras e até de outras tartarugas. Mas é a primeira vez que eles as avistam caçando.
Houve rumores de tartarugas perseguindo filhotes de pássaros marinhos, que se tornaram indefesos depois que caíram de seus ninhos. Mas até o vídeo ser capturado, o Dr. Gerlach presumia que tal observação fosse, na melhor das hipóteses, um mal-entendido.
"Ninguém procurou por isso, por que você procuraria? Tartarugas não caçam", disse Gerlach. "Um pesquisador nunca perderia o seu tempo procurando uma tartaruga predadora".
Agora, ele se pergunta o que mais os cientistas serão capazes de aprender com essas criaturas, que podem viver mais de 200 anos e atingir mais de 226 kg.
"É um grande mistério o que eles (os pesquisadores) descobriram aqui", disse James Gibbs, herpetologista da Universidade Estadual de Nova York e da Galápagos Conservancy que não esteve envolvido na pesquisa.
Quando o Dr. Gibbs assistiu ao vídeo, ele ficou surpreso com o quão lenta e estranhamente o ataque se desenrolou. "É uma combinação muito interessante de diligência e incompetência", disse ele.