Macron sobre reunião com Putin: 'Sou otimista, mas não acredito em milagre'
O presidente francês, Emmanuel Macron, viajou hoje a Moscou para se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin, buscando compromissos para diminuir as tensões com a Ucrânia, onde líderes ocidentais temem que o Kremlin planeje uma invasão.
Macron disse estar otimista antes das negociações com Putin, mas não acredita em milagres.
"Estou razoavelmente otimista, mas não acredito em milagres espontâneos", disse ele a repórteres logo após desembarcar na capital russa.
Na mesma linha do presidente francês, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que "a situação é muito complexa para esperar avanços decisivos no decorrer de uma reunião".
De acordo com duas fontes próximas de Macron ouvidas pelo jornal Le Monde, um dos objetivos do líder francês é ganhar tempo e paralisar a escalada ao menos até abril, quando França, Hungria e Eslovênia terão eleições.
Macron tentará obter de Putin "um sinal de desescalada". Concretamente, isto significa um acordo para baixar a tensão na linha de frente das repúblicas separatistas pró-Rússia do leste ucraniano - Donetsk e Lugansk, na região de Donbass - e a aplicação dos acordos de Minsk, assinados há sete anos por Ucrânia, Rússia, França e Alemanha.
Russos e ucranianos concordaram na época em adotar um cessar-fogo nessa região rica em carvão e siderurgia, e promover uma reforma constitucional para dar mais autonomia econômica e cultural a essas províncias. Paralelamente, Moscou, Kiev, Paris e Berlim prosseguiriam negociações diplomáticas aprofundadas para pôr fim ao conflito na Ucrânia
De acordo com o Le Figaro, em nome dos europeus, Macron gostaria de convencer Putin a diminuir a pressão nas fronteiras da Ucrânia, reduzindo o contingente militar em Belarus e no Mar Negro, por exemplo.
Amanhã, o chefe de Estado francês, atualmente na presidência rotativa da União Europeia, terá um encontro com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Kiev, para avaliarem juntos as propostas do Kremlin. Depois de Kiev, Macron vai a Berlim discutir os resultados da mediação com o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente polonês, Andrzej Duda.
Autoridades americanas afirmaram que a Rússia mobilizou 110 mil soldados ao longo da fronteira com a Ucrânia. As fontes americanas apontaram que a Rússia está a caminho de reunir uma força de quase 150 mil soldados para uma invasão em grande escala em meados de fevereiro.
Desta maneira, a Rússia poderia tomar a capital Kiev em 48 horas, em uma operação que poderia matar até 50 mil civis, 25 mil soldados ucranianos e 10 mil militares russos, com uma onda de até cinco milhões de refugiados, de acordo com os funcionários da inteligência americana.
Além do potencial custo humano, a Ucrânia teme um grande dano a sua já abalada economia.
Moscou nega qualquer intenção bélica e afirma que mobilizou as tropas para garantir sua segurança, enquanto exige que a Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan, interrompa a expansão para perto de suas fronteiras.
Enquanto Macron vai a Moscou, o chanceler alemão Olaf Scholz se reunirá com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em Washington.
"Trabalhamos de maneira forte para enviar à Rússia uma mensagem clara de que pagará um preço elevado em caso de intervenção na Ucrânia", declarou Scholz em uma entrevista ao jornal Washington Post.
Ao mesmo tempo, os Estados Unidos seguem enviando reforços militares para a Europa.
Scholz viajará a Moscou e Kiev na próxima semana para conversar com Putin e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
* Com AFP, Reuters RFI
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