Com bloqueio de Israel, 1 milhão de crianças em Gaza enfrentam fome

Cerca de 1 milhão de crianças na Faixa de Gaza estão sem o básico para sobreviver, como alimentos e água, alertou o Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef). O diretor do Unicef para o Oriente Médio e Norte da África, Edouard Beigbeder, esteve nos territórios palestinos de Gaza e da Cisjordânia em viagem de 4 dias.

A situação é extremamente preocupante. Algumas crianças vivem com tremendo medo ou ansiedade, outras enfrentam as consequências reais da privação de assistência humanitária e proteção, deslocamento, destruição ou morte. Sem a entrada de ajuda na Faixa de Gaza, cerca de 1 milhão de crianças estão vivendo sem o básico de que precisam para sobreviver, mais uma vez. Edouard Beigbeder

Já são 16 dias do bloqueio total de Israel à entrada de ajuda humanitária no enclave palestino. Estima-se que 95% da população de 2,1 milhão de habitantes esteja enfrentando algum nível de fome, com 344 mil palestinos com fome extrema. Os cálculos são do Painel IPC, organização que mede a fome em todo o mundo.

O representante do Unicef visitou as instalações para dessalinização de água apoiada pela entidade, em Khan Younis, no sul de Gaza, e constatou que a falta de eletricidade, cortada por Israel, está privando milhares de crianças do acesso à água potável.

"A única instalação que recebeu eletricidade desde novembro de 2024 foi desconectada. Agora, ela está funcionando com apenas 13% de sua capacidade", lamentou Edouard Beigbeder.

Saúde

Edouard Beigbeder destacou que, há algumas dezenas de quilômetros de Gaza, estão mais de 180 mil doses de vacinas para infância bloqueadas por Israel.

É o suficiente para vacinar e proteger completamente 60 mil crianças menores de 2 anos, bem como 20 ventiladores que salvam vidas para unidades de terapia intensiva neonatal.

O diretor-regional do Unicef denunciou que 4 mil recém-nascidos em Gaza não conseguem ter assistência médica e, em consequência, "vidas são perdidas todos os dias por falta de acesso a ventiladores neonatais".

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"O Unicef está defendendo que esses suprimentos de saúde para crianças, que salvam vidas, sejam autorizados a entrar. Não há razão para que não sejam. De acordo com o direito humanitário internacional, as necessidades essenciais dos civis devem ser atendidas", defendeu o representante da entidade da ONU.

Na Cisjordânia, a instituição calcula que 2,3 milhões de crianças palestinas sejam afetadas pelo conflito. Desde o dia 7 de outubro de 2023, calcula-se que 40 mil palestinos foram expulsos de suas casas na Cisjordânia.

A educação está fortemente interrompida para quase 12 mil crianças, por causa dos recentes deslocamentos populacionais. As crianças na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, são frequentemente expostas a bloqueios de estradas e à ausência de material escolar.

Negociações

Israel bloqueou a entrada de ajuda humanitária em Gaza após o fim da primeira fase do cessar-fogo, iniciado no dia 19 de janeiro e finalizado no dia 1º de março.

O governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu acusa o Hamas de não aceitar a proposta feita pelos Estados Unidos para libertação dos reféns israelenses.

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Neste final de semana, o gabinete de Netanyahu informou que instruiu a equipe de negociação para a continuação das negociações "para liberação de 11 reféns vivos e metade dos reféns falecidos".

O Hamas sustenta que está disposto a seguir com as negociações e pede a manutenção dos compromissos firmados pela primeira fase da negociação, o que inclui a entrada de ajuda humanitária em Gaza.

"Ao apertar o cerco e impedir a entrada de suprimentos essenciais, a ocupação está mirando diretamente nas populações mais vulneráveis de Gaza, os doentes, os idosos, as crianças e as pessoas com deficiência. Esses são os indivíduos que Netanyahu está tentando matar", afirma o Hamas, em nota.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) informou que, durante a primeira fase do cessar-fogo em Gaza, conseguiu entregar mais de 40 mil toneladas de alimentos.

"Com o fechamento das passagens de fronteira, esses ganhos de segurança alimentar duramente conquistados estão agora em risco", alerta a organização.

19 comentários

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Carlos Enescu

Era só o H4m4s não ter invadido Israel, ass4ss1nado 1.200 pessoas e sequestr4do outras 250, que nada disso teria ocorrido. 

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Fernando Monteiro

Pior é que quando a ajuda humanitária chega, o prioridade são os "guerrilheiros" do Hamas - se não conseguirem eles fazem ssaques aos caminhões. O Hamas é o câncer de Gaza. 

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Jose Aparecido Pereira

Ninguem vai parar o estado terrorista de Israel? Pra que serve a ONU?

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