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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Até Napoleão: envenenar bebida e comida de rivais é tática antiga de guerra

Pyrizhky, pão doce ucraniano que foi oferecido com veneno para soldados russos Imagem: Reprodução/Celebration Generation

Rafael Souza

Colaboração para o UOL

06/04/2022 04h00

Ao menos dois soldados russos morreram depois de comerem pães doces, supostamente envenenados, que foram entregues por moradores de Izyum, no leste da Ucrânia. Outros 28 estão em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de um hospital da cidade. Além deles, outros 500 soldados russos fazem tratamento após tomarem uma bebida alcoólica que também foi oferecida por civis ucranianos, afirma o Daily Mail.

Antes, o jornal The Wall Street Journal publicou que o bilionário Roman Abramovich, oligarca dono do Chelsea, e dois negociadores ucranianos tiveram sintomas de envenenamento após participarem das tentativas de acordo para encerrar o confito. Entre os sintomas relatados, estão olhos vermelhos, lacrimejamento constante e doloroso, descamação da pele do rosto e das mãos.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, aconselhou os negociadores a não comerem ou beberem nada, e evitarem tocar superfícies. O governo Putin nega as acusações e diz que isso faz parte de uma "guerra de informação".

Mas não é a primeira vez que Vladimir Putin é acusado de mandar envenenar opositores. Um dos primeiros casos de envenenamento ocorrido sob seu governo ocorreu em setembro de 2004, quando o candidato da oposição à eleição presidencial ucraniana, Viktor Yushchenko, ficou gravemente doente.

O avanço dos venenos

Um artigo científico intitulado "Importância militar das toxinas naturais e seus análogos", dos pesquisadores Zdenek Hon e Vladimír Pitschmann, da Faculdade de Engenharia Biomédica em Praga (República Tcheca), lembra que o hábito de usar veneno vem originalmente de tribos indígenas de várias partes do mundo, que as usavam para caçar.

Para a pesca, na Ásia, era usado suco de raízes contendo rotenona, enquanto índios norte-americanos da Califórnia usavam extratos de plantas contendo forbol para ajudar na coleta de peixes. Algumas tribos também envenenavam os poços de água de animais selvagens.

Com o tempo, o veneno passou a ser usado também em conflitos armados e guerras, de forma semelhante ao ocorrido na Ucrânia e na Rússia. Usar veneno para matar um líder inimigo, usando pessoas infiltradas, era mais fácil do que pela batalha campal.

Há questionamentos nos registros históricos sobre a morte de Napoleão Bonaparte por envenenamento planejado por adversários.

A morte de Alexandre O Grande até hoje é um mistério, mas a principal hipótese é de que houve envenenamento.

O historiador Justino já afirmava que havia um clima de conspiração contra o imperador. Segundo o relato de Plutarco, duas semanas antes de sua morte, Alexandre teria dado uma festa e passou dois dias bebendo, até que teve uma forte febre até não conseguir mais falar. Já Diodorno afirma que o imperador teve fortes dores após beber bastante vinho em uma festa dedicada a Héracles, o que posteriormente ocasionou sua morte.

Envenenamento em guerras

Guerras médicas (500 a.C. e 448 a.C)

O caso mais popular de contaminação intencional em operações militares vem da Grécia Antiga. Autores antigos, como Pausânias, descrevem o envenenamento do rio Pleistos, que era fonte de água potável para a cidade Kirra, por tropas militares da Liga de Delfos, uma aliança militar das polis gregas criada para combater os persas.

O rio foi envenenado com o uso de extratos da planta heléboro, que contém uma série de toxinas mortais.

Escócia x Noruega (Século 11)

Outro caso conhecido aconteceu na Idade Média, quando tropas escocesas envenenaram alimentos no acampamento do exército invasor norueguês com o suco da planta beladona, que causa taquicardia e alucinações. A ingestão de apenas uma folha pode ser fatal para um adulto.

Há ainda relatos de que os romanos teriam usado a beladona para contaminar reservas de alimentos inimigos.

Guerras Italianas (século 14)

O cronista de Florença Giovanni Villani (Nuova Cronica) relata o envenenamento de uma fonte de água potável com cicuta (o mesmo que matou Sócrates) em uma guerra de Florença e aliados contra Verona, no século 14.

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