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Prigozhin em Belarus, tropas sem processos: o acordo com mercenários russos

Yevgeny Prigozhin, líder do grupo paramilitar russo Grupo Wagner - Reprodução
Yevgeny Prigozhin, líder do grupo paramilitar russo Grupo Wagner Imagem: Reprodução

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/06/2023 23h18

Após lançar uma ofensiva no território russo e avançar rumo a Moscou, o grupo de mercenários Wagner aceitou os termos de um acordo mediado pelo presidente de Belarus, Alexander Lukashenko. As tropas retornaram para seus postos e, segundo o governo russo, as estradas estavam liberadas na noite deste sábado (24).

O que foi negociado

O Kremlin afirmou que a investigação criminal que havia sido aberta contra o chefe mercenário russo Yevgeny Prigozhin devido ao motim seria encerrada. Mais cedo, Putin havia chamado a rebelião de "punhalada nas costas" e mencionado "punição inevitável" a "todos aqueles que deliberadamente trilharam o caminho da traição".

Pelos termos negociados, Prigozhin irá para Belarus sem processo criminal aberto e os homens que se rebelaram não serão processados. Além disso, os mercenários que desejarem serão admitidos no Exército russo.

Lukashenko anunciou o acordo na tarde de sábado. Logo depois, o governo da Belarus informou que Putin apoiou e agradeceu "o trabalho realizado".

Após o acordo, Prigozhin disse entender os riscos de um conflito no país e confirmou que as tropas iriam recuar. No início da noite, as agências de notícias internacionais informaram que o chefe dos mercenários saiu do quartel-general Rostov-do-Don.

Agora chegou o momento em que sangue poderia ser derramado. Entendendo a responsabilidade [pelo risco] de que o sangue russo seja derramado de um lado, estamos fazendo meia-volta e retornando às nossas bases, conforme planejado.
Yevgeny Prigozhin

Aliado de Putin

O líder de Belarus é um dos únicos aliados do presidente russo, Vladimir Putin. O país faz fronteira com a Rússia e a Ucrânia, e o presidente Lukashenko já sinalizou que poderia entrar na guerra entre os dois vizinhos caso o seu país seja atacado.

Putin conversou com Lukashenko pela manhã. Na sequência, as negociações continuaram e resultaram no acordo anunciado pelo presidente de Belarus.

Analistas de política internacional apontaram que Lukashenko pode ter conversado com os mercenários para que Putin não tivesse que ceder. Aliada da Rússia, Belarus alçou posição de destaque logo depois de receber armas nucleares russas em seu território.

Lukashenko disse que os planos de Moscou de posicionar armamento no território de seu aliado próximo ajudariam a proteger Belarus — que, segundo ele, estaria sob ameaça do Ocidente. A afirmação foi em um discurso anual para parlamentares e funcionários do governo.

Como resultado [do acordo], chegaram a um acordo sobre a inadmissibilidade de desencadear um massacre sangrento no território da Rússia. O Presidente da Rússia apoiou e agradeceu ao seu homólogo bielorrusso pelo trabalho realizado.
Comunicado divulgado pelo governo da Belarus