Lula diz que Gabriel Boric teve 'ansiedade' ao cobrar países sobre Rússia
Do UOL*, em São Paulo
19/07/2023 09h15Atualizada em 19/07/2023 09h43
Lula (PT) afirmou que Gabriel Boric, presidente do Chile, teve "ansiedade" ao criticar a posição dos países latinos a respeito da guerra na Ucrânia. A declaração foi feita hoje durante entrevista coletiva em Bruxelas, onde Lula participou da reunião de cúpula entre a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e a União Europeia.
O que aconteceu
Boric disse ser triste o fato de a cúpula ter passado dois dias debatendo se havia uma guerra na Ucrânia ou uma guerra contra a Ucrânia e afirmou que o que ocorre hoje na Ucrânia pode acontecer amanhã com países latino-americanos.
Lula apontou a falta de experiência de Boric, de 37 anos —o presidente mais jovem a ser eleito no Chile — com reuniões do gênero. "Possivelmente porque deve ter sido a primeira reunião do Boric da União Europeia com a América Latina, ele tem um pouco mais de ansiedade que os outros", disse.
Eu não tenho porque concordar com o Boric, é uma visão dele. Eu acho que a reunião foiextraordinária. Foi extraordinária a reunião. Possivelmente, a falta de costume de participar dessas reuniões faz com que um jovem seja mais sequioso e mais apressado, mas as coisas não são assim.
Lula sobre Gabriel Boric
Na entrevista, Lula voltou a defender a criação de um grupo de países para discutir soluções para a guerra e "no momento certo convencer a Rússia e a Ucrânia de que a paz é o melhor caminho".
Países condenaram a guerra, mas não atacaram Rússia
O documento conclusivo da cúpula entre a UE e a Celac expressa "profunda preocupação" pela "guerra contra a Ucrânia" e não é assinado pela Nicarágua, que se opôs a qualquer sinalização de apoio a Kiev.
A UE sempre pressionou por uma condenação explícita à Rússia, mas esbarrou na neutralidade de alguns países latino-americanos.
Ainda assim, a União Europeia e a Celac - com exceção da Nicarágua - concordaram com uma formulação que expressa "profunda preocupação" com a guerra "contra a Ucrânia", e não "na Ucrânia".
Acordo UE-Mercosul: 'Estou otimista'
Lula voltou a afirmar que o Mercosul "não aceita" a carta adicional enviada pela UE, ao mesmo tempo que manifestou otimismo que o acordo possa ser concluído ainda neste ano, durante a presidência brasileira do Mercosul.
Estou otimista, estou muito otimista. Pela primeira vez estou otimista de que a gente vai concluir este acordo ainda este ano. [...] Nós fizemos uma carta-resposta e achamos que a União Europeia tranquilamente vai concordar com a nossa resposta.
Lula
*Com informações da Reuters