Embaixador cobra ida de Lula à Ucrânia: 'Queremos ver envolvimento real'
Do UOL, em São Paulo
27/10/2023 07h49Atualizada em 27/10/2023 08h17
O embaixador da Ucrânia no Brasil, Andrii Melnyk, cobrou um envolvimento "real" do Brasil na guerra.
O que aconteceu:
Melnyk diz que a Ucrânia leva a sério a proposta do Brasil de mediar o conflito com a Rússia, mas que "não se faz diplomacia com palavras vazias". Ele foi entrevistado pela revista Veja.
Se Lula tem a ambição de desempenhar esse grande papel geopolítico, como poderá ter sucesso se nem sequer foi à Ucrânia desde o início desta guerra? Queremos ver envolvimento real com a questão ucraniana.
Embaixador da Ucrânia no Brasil, Andrii Melnyk
Ele diz que o Brasil pode ajudar a Ucrânia no campo humanitário, "como fez ao enviar kits para a Faixa de Gaza".
Já passou da hora [de Lula visitar a Ucrânia] para compreender melhor a natureza desta guerra: ouvir as bombas, as sirenes e tomar contato com essa brutal realidade em pleno século XXI. Quem sabe assim poderá aperfeiçoar suas propostas para o fim do conflito.
Embaixador da Ucrânia no Brasil, Andrii Melnyk
Melnyk também diz que Lula e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky são parecidos. "Havia muitos mal-entendidos, equívocos e turbulências. Não dava para entender como dois chefes de Estado não conseguiam se reunir, sendo ambos tão carismáticos e parecidos, em termos de ambição e poder internacional".
Lula e Zelensky se encontraram pela primeira vez de forma presencial na semana que aconteceu a Assembleia Geral da ONU em Nova York. Os dois consideravam que o encontro seria positivo para suas respectivas posições.
Segundo o colunista Jamil Chade, do UOL, o governo brasileiro queria ser visto como um interlocutor viável para atuar como mediador. A foto ao lado de Zelensky serviria até mesmo como antídoto contra as críticas consideradas como infundadas, nas quais o Brasil estaria apenas dialogando com russos.
Do lado de Zelensky, a busca por novos apoios passou a ser fundamental, num momento de desgaste de sua imagem no Ocidente e de uma guerra que começa a pesar nos orçamentos de Europa e EUA.