Lula sugere diplomacia a Zelensky, e ouve que Ucrânia não cede território
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que a guerra em seu país não terá uma solução militar e que apenas uma saída diplomática e política conseguirá encerrar o conflito. O recado foi dado na semana passada quando os dois líderes se reuniram pela primeira vez de forma presencial, às margens da Assembleia Geral da ONU.
Lula, porém, ouviu do ucraniano que ele não terá como ceder e aceitar entregar uma parte de seus território, sob o risco até mesmo de abrir uma crise política profunda.
O relato do encontro foi revelado ao UOL por um dos participantes da reunião, que destacou que Lula sugeriu a Zelensky que ele leve a reivindicação de integridade territorial para a mesa de negociação, e não ao campo de batalha.
Durante a conversa, que ocorreu depois de vários episódios de desencontros entre os dois líderes, Zelensky defendeu sua visão sobre o conflito e ainda pediu que Lula mantenha o embaixador Celso Amorim nas conversas que estão ocorrendo a portas fechadas entre as principais potências.
Desde meados do ano, reuniões com cerca de 30 países tentam fazer avançar ideias sobre como construir uma relação de confiança entre as partes beligerantes. Amorim participou tanto do encontro realizado na Dinamarca como na Arábia Saudita, ainda que nesta segunda de forma remota.
Lula, durante a conversa, confirmou que o Brasil não vai se retirar e que Amorim continuará a representar o país.
A reunião havia sido um pedido de Zelensky e foi considerada pelo governo brasileiro como uma oportunidade importante para desfazer um mal-estar. Segundo fontes no Palácio do Planalto, houve "unanimidade" em aceitar o encontro.
A condição que Lula impôs foi a de que a reunião não dominasse a repercussão da viagem. Por isso, foi proposto que o encontro ocorresse fora do dia do discurso do presidente brasileiro na abertura da Assembleia Geral da ONU, dia 19 de setembro. Tampouco era interessante para o Brasil que a cobertura midiática abafasse o encontro e o lançamento de uma iniciativa conjunta entre Lula e Joe Biden, o presidente americano.
Por esse motivo, foi sugerido aos ucranianos uma reunião ao final da viagem, o que foi acatado por Kiev.
Outro pedido do Brasil foi para que Lula não tivesse de se deslocar, por seu problema de locomoção. Os ucranianos tampouco colocaram obstáculos sobre isso e aceitaram ir até o hotel onde estava a delegação brasileira em Nova York.
Tanto Lula como Zelensky consideraram que o encontro era positivo para suas respectivas posições. No caso do Brasil, o governo precisa ser visto como um interlocutor viável para atuar como mediador. Portanto, a foto ao lado do ucraniano serviria até mesmo como antídoto contra as críticas consideradas como infundadas, nas quais o Brasil estaria apenas dialogando com russos.
Do lado de Zelensky, a busca por novos apoios passou a ser fundamental, num momento de desgaste de sua imagem no Ocidente e de uma guerra que começa a pesar nos orçamentos de Europa e EUA.
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