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Embaixador do Brasil descarta saída de brasileiros de Gaza hoje

Do UOL, em São Paulo

10/11/2023 13h36Atualizada em 10/11/2023 17h14

O embaixador do Brasil no território palestino da Cisjordânia, Alessandro Candeas, afirmou que a saída dos 34 brasileiros da Faixa de Gaza não ocorrerá nesta sexta-feira (10). Segundo ele, o grupo está "chateado" após as expectativas frustradas de deixar o local, mas "aliviado" por estar na lista de nacionalidades que devem sair nos próximos dias.

O que aconteceu

Alessandro Candeas afirmou que a passagem dos brasileiros pela fronteira do Egito deve ocorrer neste sábado (11). "É o que espero todo dia", disse ele. "Estão chateados e aliviados ao mesmo tempo, porque não foram hoje mas estão na lista", afirmou.

A pendência para a abertura da fronteira é a autorização para que ambulâncias passem primeiro com os feridos a serem atendidos no Egito. A prioridade para esses casos está prevista em um acordo entre o Egito, a ONU, os EUA e Israel — mas suspeita de que integrantes do Hamas tenham saído da região dessa forma levou o Egito a fechar a passagem.

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O embaixador disse ainda que cinco pessoas cruzaram a fronteira nesta sexta-feira (10) — nenhuma delas brasileira. Ele informou ainda que "dezenas ficaram retidas no norte de Gaza."

"[Há] notícias de forte presença militar israelense e combates ao redor de hospitais, o que impede ou dificulta a saída de ambulâncias, sempre em coordenação com Israel e a Cruz / Crescente Vermelho."
Alessandro Candeas, embaixador do Brasil na Cisjordânia

Candeas afirmou que caso as ambulâncias atravessem a fronteira neste sábado, mais nacionalidades poderão deixar o território — inclusive o grupo de brasileiros. "Estamos todos mobilizados. Assim que sair a notícia da abertura da fronteira, levaremos em poucos minutos todos de novo para lá."

O embaixador do Brasil na Cisjordânia disse também que a Embaixada no Cairo "está com tudo pronto" para quando a fronteira for reaberta.

Após a passagem pela fronteira, em Rafah, o grupo de brasileiros deve viajar cerca de 300 quilômetros por via terrestre até Cairo, no Egito. Do Cairo, o grupo embarca em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para o Brasil. No trajeto, a aeronave deve passar por Roma, na Itália, e Las Palmas. Somente após essas paradas, o grupo desembarca em Brasília.

O grupo em Gaza que espera a repatriação é composto por 18 crianças, 10 mulheres e 6 homens. São 24 brasileiros, sete palestinos com RNM (Registro Nacional Migratório) e três palestinos.

Expectativas para viajar

O comerciante Hasan Rabee, 30, registrou o momento em que ele e outros brasileiros se deslocaram de ônibus para a fronteira de Rafah — antes de a fronteira ser fechada.

"Estou aqui na fronteira na esperança que abra o portão para a entrada dos feridos primeiro, depois que entrarem os feridos, a gente segue viagem. Mas sem entrar os feridos para o Egito ninguém consegue viajar."
Hasan Rabee, brasileiro na Faixa de Gaza

Últimos dias sem energia, alimentos e água

O comerciante saiu de São Paulo para visitar a mãe na Faixa de Gaza no final de setembro e não conseguiu mais sair de lá. Com a intensificação dos bombardeios, ele, a esposa e as duas filhas vivem agora com mais de dez familiares que deixaram o norte de Gaza e se acomodaram na casa da mãe dele, em Khan Yunis, no sul da região.

Rabee passou os últimos dias em Gaza sem energia, água encanada e gás de cozinha. "Mais de 30 dias de guerra, de conflito, e não encontramos gás. Energia não existe mais, água encanada também não. Infelizmente, não há previsão para chegar. A farinha que a gente usa para fazer pão não existe mais no mercado. Macarrão e enlatados a gente não encontra."

Nos últimos dias na Faixa de Gaza, a única forma de preparar alimentos é utilizando madeira, em fornos a lenha, segundo Rabee. "Muita gente não tinha lenha para fazer essas comidas. Cada dia, piora mais ainda. Na minha casa já não existe mais gás. Os restaurantes estão fazendo comida para doações em escolas, onde tem lugar com bastante gente."

O comerciante conta que os alimentos têm ficado mais caros nos mercados. "O mais difícil é achar farinha, o saco da farinha estava R$ 40 e hoje está R$ 150, R$ 200, R$ 300. A gente não encontra." Rabee diz que a falta de água é outro problema que atinge parte da população de Khan Yunis. "Cada dia é pior do que o outro. Água encanada a gente já não tinha, nem mineral."

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