Mistérios e mortes: serviço secreto israelense é famosos por ações ousadas
Colaboração para o UOL
24/11/2023 04h00
Logo após a operação da Polícia Federal que prendeu brasileiros suspeitos de ligação com o grupo extremista Hezbollah, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, atribuiu a ação ao Mossad, órgão de inteligência israelense.
Fundado em 1949, um ano após a criação do Estado de Israel, o Mossad é oficialmente chamado de Instituto para a Inteligência e Operações Especiais, e é considerado um dos serviços secretos mais sofisticados do mundo.
Mossad, o serviço secreto de Israel
Comunidade de Inteligência de Israel. Ao lado da Aman (Direção de Inteligência Militar) e da Shin Bet (agência de inteligência voltada à segurança interna), o Mossad é uma das principais entidades da Comunidade de Inteligência de Israel.
David Barnea, um ex-soldado de 58 anos, foi nomeado diretor da agência em junho de 2021. No cargo, ele responde diretamente ao primeiro-ministro, Netanyahu. Segundo o The Jerusalem Post, ele estudou economia e finanças no Instituto de Tecnologia de Nova York. Anos mais tarde, quando voltou a Israel, trabalhou como economista em um banco, se destacando por ter promovido negócios importantes, fusões e aquisições. Sua experiência como investidor o ajudou a abrir empresas fantasmas na Europa e no sudeste asiático, permitindo assim a infiltração de espiões no Irã.
Perfil dos espiões do Mossad. O objetivo principal da agência e seus espiões é recolher informações sobre governos, organizações estrangeiras e indivíduos que representem uma ameaça para a segurança de Israel, evitando que inimigos trabalhem no desenvolvimento de armas e possíveis ataques terroristas. De acordo com a CNN Portugal, grande parte do trabalho de um oficial do órgão é recrutar outros espiões. Já o jornal O Globo destaca que, além de experiência militar, a agência também busca pessoas com habilidades especias em computação e linguística.
É envolta em mistério e raramente fala com a mídia. Segundo o jornal israelense The Times of Israel, o Mossad "é lendário nos círculos de inteligência internacionais por estar por trás do que se acredita serem algumas das operações secretas mais ousadas do século passado". Ainda assim, são raros os pronunciamentos do Mossad e a maioria das ações do grupo não é confirmada nem negada pelas autoridades israelenses.
Ações reconhecidas. Entre as operações do Mossad, a mais conhecida foi a captura e sequestro do criminoso de guerra nazista Adolf Eichmann. Ele foi pego pela agência na Argentina, em 1960, e foi levado a Israel, onde foi julgado e condenado à pena de morte. Eichmann foi executado no dia 30 de maio de 1962.
Outras operações. Além disso, também são atribuídos ao Mossad assassinatos como o de Massoud Ali-Mohammadi, físico nuclear iraniano, em 2010; Imad Mughnyiah, líder do Hezbollah, em 2008; Fathi Shkaki, líder do grupo Jihad Islâmico, em 1995; Abbas Musawi, líder do Hezbollah, em 1992; Wadie Haddad, chefe do braço armado da Frente Popular pela Libertação da Palestina, em 1978; entre outros nomes.
Métodos usados. De acordo com a BBC, os agentes geralmente usam disfarces para dificultar a identificação, usam telefones celulares por satélites, pagam suas despesas com dinheiro vivo, entre outros métodos típicos de agências de inteligência.
Ligações com outros serviços de inteligência. O Mossad mantém ligações organizacionais formais com vários serviços de inteligência árabes, de acordo com a Al Jazeera. Ainda segundo a publicação, a agência tem um centro regional para as suas operações no Oriente Médio na capital da Jordânia, Amã.
Fracassos e reputação questionada
Ao longo dos anos, a reputação do Mossad foi questionada tanto no próprio país como no exterior. Isso se deve a alguns fracassos da agência, como em 2010, quando Mahmoud al-Mabhouh, um importante agente do Hamas, foi morto em um quarto de hotel no Dubai —em uma operação atribuída ao Mossad, mas nunca reconhecida por Israel. O caso chamou a atenção internacional porque os supostos assassinos flagrados pelas câmeras foram acusados de usar passaportes falsos.
Operações supostamente clandestinas. Segundo a Al Jazeera, no Mossad, a tomada de decisão para qualquer assassinato de qualquer alvo não requer restrições legais semelhantes às seguidas pela CIA, por exemplo —que envolve até a autorização do presidente dos EUA.
Mais fracassos. Outro caso que contribuiu para a imagem negativa da agência aconteceu em 2004, quando a Nova Zelândia cortou brevemente os laços com Israel depois de capturar dois israelenses suspeitos de serem agentes do Mossad que tentavam adquirir o passaporte neozelandês de maneira ilegal.
Renúncia de antigo diretor. Outro fiasco da agência aconteceu em 1997. Na ocasião, agentes tentaram assassinar o então chefe do Hamas, Khaled Mashaal, em Amã, na Jordânia. Eles o envenenaram, mas foram capturados pouco depois. Com isso, o então rei da Jordânia, Hussein, ameaçou anular um acordo de paz se Mashaal morresse. Pressionado, Israel despachou um antídoto que salvou sua vida, e os agentes israelenses retornaram para casa. Depois disso, o então chefe do Mossad, Danny Yatom, renunciou.