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Carajo: por que Milei escreveu palavrão em livro do Congresso na posse

Javier Milei escreveu palavrão em livro do Congresso da Argentina ao tomar posse Imagem: Reprodução

Colaboração para o UOL, em São Paulo

10/12/2023 18h25

Durante a cerimônia de posse realizada neste domingo (10), o presidente da Argentina, Javier Milei, escreveu o termo "carajo" no livro do Congresso Nacional, o palavrão foi usado como um "grito de guerra" durante a campanha.

O que aconteceu

"Viva la libertad, carajo" (viva a liberdade, caralho) escreveu Milei no livro do Congresso. Ele reproduziu a frase que se tornou seu slogan durante a campanha presidencial.

No vocabulário hispânico, "carajo" tem o mesmo significado que no Brasil, "caralho", em referência ao órgão sexual masculino, o sentido muda conforme a situação. O presidente argentino usou o termo como um grito de guerra do partido Liberdade Avança.

Na Argentina, porém, como o termo é muito falado no dia a dia, perdeu a conotação obscena, ainda que continue sendo vulgar ou palavrão.

No caso de Javier Milei, ele usa como uma interjeição para expressar sua indignação e reforçar seu desejo por "liberdade" — slogan entoado também por seus apoiadores. Ultradireitista, o novo líder argentino é crítico ao assistencialismo e ultraliberal na economia.

Como foi a posse de Milei

Javier Milei foi empossado hoje. Ao discursar, ele disse que a Argentina não tem dinheiro em caixa e que não há alternativa "ao ajuste e ao choque".

"Hoje começa uma nova era na Argentina", iniciou Milei, que leu o seu discurso. O novo presidente avaliou que sua eleição é "o ponto de virada na história" do país e a comparou com a queda do Muro de Berlim, "que marcou o fim de um período trágico".

Num tom pragmático, ele anunciou um forte ajuste fiscal, de cinco pontos do PIB. O presidente afirmou que "os encargos cairão em cima do Estado e não do setor privado".

Milei reconheceu ainda que a situação econômica vai piorar no curto prazo e prometeu "lutar com unhas e dentes para erradicar a inflação". A inflação no país chegou a 142,7% nos últimos 12 meses, a pobreza atinge mais de 40% da população, sendo 10% indigentes. "Não vai ser fácil, 100 anos de fracasso não serão desfeitos num dia, mas um dia começa e hoje é esse dia", discursou.

O público ouviu as primeiras palavras do novo presidente aos gritos de "Liberdade, liberdade" e "que vão todos presos", dirigidos ao grupo kirchnerista. A agora ex-vice presidente Cristina Kirchner mostrou o dedo do meio a apoiadores de Milei ao chegar ao Congresso.

Quebrando o protocolo, Milei não discursou dentro do Congresso, como é praxe, mas do lado de fora, diante de uma multidão. A escolha pela escadaria do Parlamento se deve ao seu discurso antipolítica — ele diz querer falar com o povo e não "com a casta", como se refere aos legisladores eleitos e de cujo apoio dependerá para governar.

As frases do discurso de Milei

Hoje começamos uma nova era na Argentina, hoje terminamos uma longa e triste história de decadência e declive e começamos um caminho da reconstrução do nosso país.

Os argentinos expressaram vigorosamente uma vontade de mudança que não tem retorno. Não há como voltar atrás, enterramos décadas de fracassos e disputas sem sentido. Começa uma era de paz e prosperidade, de liberdade e progresso.

Tal como a queda do Muro de Berlim marcou o fim de um período trágico para o mundo, estas eleições marcaram o ponto de virada na nossa história.

Nestes dias, muito se tem falado da herança que vamos receber. Que fique muito claro: nenhum governo recebeu uma herança pior que a que estamos recebendo.

Lamentavelmente, tenho de dizer a vocês que não há dinheiro (...) A conclusão é que não há alternativa ao ajuste e ao choque. Naturalmente, isso impactará de forma negativa sobre o modo de atividade de emprego, no salário real, na quantidade de pobres e indigentes. Terá inflação, mas nada diferente do que vimos nos últimos 12 anos. Esse é o último remédio amargo para começar a reconstrução da Argentina. Haverá luz no final do caminho.

Tales Faria analisa discurso de Milei:

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