'Infelizmente, não há dinheiro', diz Milei em 1ª fala a argentinos em posse
O presidente da Argentina, Javier Milei, disse que o país não tem dinheiro e que não há alternativa "ao ajuste e ao choque" ao dirigir-se aos apoiadores em frente ao Congresso para seu primeiro discurso à frente da nação.
O que aconteceu
"Hoje começa uma nova era na Argentina", iniciou Milei, que leu o discurso. O novo presidente avaliou que sua eleição é "o ponto de virada na história" do país e a comparou com a queda do Muro de Berlim, "que marcou o fim de um período trágico".
Num tom pragmático, ele anunciou um forte ajuste fiscal, de 5 pontos do PIB. O presidente afirmou que "os encargos cairão em cima do Estado e não do setor privado".
Milei reconheceu ainda que a situação econômica vai piorar no curto prazo e prometeu "lutar com unhas e dentes para erradicar a inflação". A inflação no país chegou a 142,7% nos últimos 12 meses, a pobreza atinge mais de 40% da população, sendo 10% indigentes. "Não vai ser fácil, 100 anos de fracasso não serão desfeitos num dia, mas um dia começa e hoje é esse dia", discursou.
O público ouviu as primeiras palavras do novo presidente aos gritos de "Liberdade, liberdade" e "que vão todos presos", dirigidos ao grupo kirchnerista. A agora ex-vice presidente Cristina Kirchner mostrou o dedo do meio a apoiadores de Milei ao chegar ao Congresso.
Quebrando o protocolo, Milei não discursou dentro do Congresso, como é praxe, mas do lado de fora, diante de uma multidão. A escolha pela escadaria do Parlamento se deve ao seu discurso antipolítica — ele diz querer falar com o povo e não "com a casta", como se refere aos legisladores eleitos e de cujo apoio dependerá para governar.
O presidente encerrou seu discurso gritando 'viva la libertad, carajo', frase que virou seu slogan. Segundo o jornal argentino La Nación, ele usou a frase para assinar o livro de honrarias do Congresso, antes de receber a faixa presidencial das mãos do agora ex-presidente Alberto Fernández.
As frases do discurso de Milei
Hoje começamos uma nova era na Argentina, hoje terminamos uma longa e triste história de decadência e declive e começamos um caminho da reconstrução do nosso país.
Os argentinos expressaram vigorosamente uma vontade de mudança que não tem retorno. Não há como voltar atrás, enterramos décadas de fracassos e disputas sem sentido. Começa uma era de paz e prosperidade, de liberdade e progresso.
Tal como a queda do Muro de Berlim marcou o fim de um período trágico para o mundo, estas eleições marcaram o ponto de virada na nossa história.
Nestes dias, muito se tem falado da herança que vamos receber. Que fique muito claro: nenhum governo recebeu uma herança pior que a que estamos recebendo.
Lamentavelmente, tenho de dizer a vocês que não há dinheiro (...) A conclusão é que não há alternativa ao ajuste e ao choque. Naturalmente, isso impactará de forma negativa sobre o modo de atividade de emprego, no salário real, na quantidade de pobres e indigentes. Terá inflação, mas nada diferente do que vimos nos últimos 12 anos. Esse é o último remédio amargo para começar a reconstrução da Argentina. Haverá luz no final do caminho.
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