Opositor de Putin, Navalny está desaparecido há 6 dias, dizem aliados
Do UOL*, em São Paulo
11/12/2023 16h33Atualizada em 11/12/2023 16h39
Líder da oposição na Rússia, Alexei Navalny, 47, está desaparecido desde a última terça-feira (5), segundo aliados e parentes. O sumiço acontece no momento em que o presidente Vladimir Putin, 71, confirma que vai tentar a reeleição pela quarta vez.
O que aconteceu
Paradeiro de Alexei Navalny é desconhecido, dizem aliados. Na última semana, os advogados de Navalny foram a duas colônias penais na região de Vladimir, a leste de Moscou, para onde o político poderia ter sido enviado — mas ele não estava lá. "Eles se recusam a dizer para onde o levaram", disse Kira Iarmich, porta-voz de Navalny.
Advogados não conseguem falar com Navalny desde terça (5). Os advogados esperavam que Navalny fosse transferido depois de receber uma nova condenação por "extremismo", em agosto. O problema é que, devido ao tamanho do território russo, o processo exige semanas de viagens em comboio, em várias etapas, e as famílias dos prisioneiros ficam sem notícias durante a transferência.
Sumiço acontece em meio à confirmação da candidatura de Putin. Na sexta (8), Putin disse que vai disputar novamente a presidência da Rússia nas próximas eleições, em março de 2024. O anúncio foi feito durante um evento especial do Kremlin para militares, incluindo alguns que lutaram na invasão da Ucrânia, em fevereiro do ano passado
Apoiadores temem que Navalny tenha sido levado para região isolada. Preso em janeiro de 2021, Navalny está há quase três anos em presídios com condições mais ou menos restritas. Agora, em meio à confirmação de que Putin vai tentar a reeleição, aliados e parentes temem que ele tenha sido levado para uma prisão mais rígida, localizada em uma região muito isolada.
EUA também demonstraram preocupação com desaparecimento de Navalny. "Estamos profundamente preocupados com estes relatos de que ele está desaparecido há uma semana", disse hoje o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby. "Vamos trabalhar com a nossa embaixada em Moscou para ver o que conseguimos descobrir".
Eles [governo russo] têm tanto medo de Navalny -- que está na prisão, tem direitos de correspondência limitados, não pode ver a sua família -- que, durante o período em que Putin ia anunciar [sua candidatura], eles decidiram simplesmente isolar Navalny o mais longe possível do mundo exterior.
Lyubov Sobol, assessora de Navalny, à Reuters
(*Com AFP e Reuters)