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Por que a Bolívia tem uma Marinha mesmo sem ter acesso ao mar?

Oficiais da Marinha da Bolívia (Armada Boliviana) durante cerimônia realizada em 2023 para celebrar o 144º aniversário da Batalha da Calama, na qual o país perdeu acesso ao mar em disputa contra o Chile Imagem: Aizar Raldes/AFP

Do UOL, em São Paulo

27/02/2024 04h00Atualizada em 19/03/2024 09h19

A Bolívia faz fronteira com Peru, Brasil, Paraguai, Chile e Argentina. Nenhuma parte do seu território é banhada pelo mar. Mesmo assim, o país tem uma Marinha com mais de uma centena de embarcações. O que explica isso?

O que aconteceu?

Razões históricas explicam o motivo de a Bolívia ter Marinha.

A Marinha da Bolívia (chamada de Armada Boliviana) existe desde 1826 e, portanto, tem quase 200 anos de existência.

Mapa da Bolívia (em amarelo) antes da guerra contra o Chile em 1.879; país tinha acesso ao Oceano Pacífico. Hoje território pertence ao Chile Imagem: Wikimedia

A Bolívia perdeu o acesso ao Oceano Pacífico após a Batalha de Calama contra o Chile, em 1879. A área pertencia à Bolívia, inclusive com parte do deserto do Atacama, que foi anexada ao Chile, marcando o "fechamento" do país para o mar.

Mesmo assim, a Bolívia mantém sua Marinha com a esperança de que algum dia voltará a ter acesso ao mar.

O mote da força armada é "El mar nos pertenece por derecho, recuperarlo es nuestro deber" (O mar nos pertence por direito, recuperá-lo é nosso dever, na tradução).

Em 2013, a Bolívia recorreu ao Tribunal Internacional de Justiça, em Haia (Holanda), para tentar recuperar parte do mar que fora incorporado pelo Chile. No entanto, a corte rejeitou os argumentos da Bolívia, em 2018.

Mas o que faz a Marinha da Bolívia sem mar?

A missão da Marinha da Bolívia é "administrar e proteger os interesses marítimos, fluviais, lacustres e da marina mercante".

Ao todo, a Armada Boliviana tem 5.000 pessoas e 173 embarcações, de acordo com o site Global Fire Power, que compila dados militares. Segundo o levantamento, isso coloca o país sem mar em 19º no ranking - à frente do Brasil. Já o Diretório Mundial de Navios de Guerra Militares Modernos (WDMMW) não lista a Bolívia entre os 39 países de seu levantamento.

Na prática, eles monitoram os lagos do país, tanto na região amazônica, como o Titicaca, considerado um dos maiores lagos da América do Sul, na fronteira com o Peru. Além disso, combatem tráfico de drogas, entregam medicamentos em situações de emergência e ajudam na resposta a desastres.

Armada Boliviana em ação de apreensão e incineração de cocaína na região de Cochabamba, na Bolívia Imagem: Armada Boliviana

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