Lula não cita Israel, mas repudia ações em Gaza de novo: 'Queremos a paz'
Do UOL, em São Paulo e Brasília
29/02/2024 12h14Atualizada em 29/02/2024 13h12
O presidente Lula (PT) voltou a criticar as ações de Israel na Faixa de Gaza hoje em encontro na Guiana.
O que Lula disse
Sem citar Israel, Lula disse que o Brasil busca paz "é contra o que está acontecendo" na Palestina, "da mesma forma que fomos contra o ataque terrorista do Hamas". O presidente tem sido uma das principais vozes críticas ao conflito, repudiando as ações em praticamente todas as suas falas internacionais.
Nós não precisamos de guerra. A guerra traz destruição, destrói infraestrutura, destruição de vida e sofrimento. A paz traz prosperidade, traz educação, traz geração de emprego e tranquilidade aos seres humanos. Esse é o papel que o Brasil pretende jogar na América do Sul e no mundo. Todo mundo sabe que o Brasil também é contra a guerra na Ucrânia.
Lula, na Guiana
O presidente participou do encerramento da cúpula da Caricom (Comunidade do Caribe). Ele falou ao lado do presidente da Guiana, Irfaan Ali, em Georgetown, com quem teve reunião bilateral mais cedo. Lula convidou ainda o vizinho para participar da cúpula do G20 sobre o clima em Belém em novembro.
Israel quer acabar com os palestinos, disse Lula
O presidente também criticou Israel na última terça-feira (27) ao afirmar que Netanyahu quer "efetivamente" acabar com os palestinos na Faixa de Gaza. Lula repetiu que o governo israelense comete um genocídio. "Eu considero um genocídio porque é um Exército amplamente armado atacando uma parte da sociedade indefesa", disse ele ao jornalista Kennedy Alencar, no programa "É Notícia", da RedeTV!.
Lula negou que tivesse usado a palavra 'Holocausto' ao falar de Israel. Segundo o presidente, o termo foi uma "interpretação" do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. "Eu não esperava que o governo de Israel fosse compreender. Eu não esperava, porque eu conheço o cidadão historicamente há algum tempo, eu sei o que ele pensa ideologicamente", acrescentou, fazendo referência ao premiê israelense.
Fomos os primeiros a condenar o gesto terrorista do Hamas, declarou o presidente. Para Lula, no entanto, é hipocrisia criticar o grupo extremista e defender os ataques de Israel em Gaza. "A gente não pode ser hipócrita de achar que uma morte é diferente da outra", disse. "Eu não posso condenar o gesto terrorista do Hamas e ver o Estado de Israel (...) fazendo com inocentes as mesmas barbaridades."
Falas de Lula sobre Hitler
Lula comparou ações de Israel com a morte de judeus pelo ditador Adolf Hitler. As declarações foram feitas no último dia 18, na Etiópia. "O Brasil condenou o Hamas, mas não pode deixar de condenar o que o Exército de Israel está fazendo", afirmou. Assista abaixo.
Fala gerou forte reação do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O premiê de Israel descreveu os comentários como "vergonhosos e graves", acusando Lula de banalizar o Holocausto e ofender o povo judeu. "Fazer comparações entre Israel, os nazistas e [Adolf] Hitler é cruzar uma linha vermelha", disse Netanyahu em comunicado.
Israel agora considera Lula como 'persona non grata'. O ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, disse no dia 19 que Lula não será bem-vindo até que se retrate pelos comentários feitos sobre a guerra. "Não vamos esquecer, nem perdoar. Trata-se de um grave ataque antissemita", declarou.