Equipe de navio que derrubou ponte nos EUA está presa nele há 7 semanas

A tripulação que estava a bordo do navio Dali continua presa dentro dele sete semanas depois de a embarcação derrubar uma ponte de Baltimore, nos Estados Unidos. Os homens não puderam desembarcar, porque não têm vistos ou documentos de desembarque para entrar no país, segundo a BBC.

O grupo é composto por 21 pessoas — 20 cidadãos indianos e um do Sri Lanka. Eles continuaram dentro do navio mesmo durante uma série de explosões em sua estrutura, na segunda-feira (13), para retirar os destroços da ponte que estavam presos nela.

O navio de carga tinha acabado de começar uma viagem de 27 dias de Baltimore para o Sri Lanka quando se chocou contra a ponte Francis Scott Key, que desabou imediatamente. O acidente, em 25 de março, deixou seis mortos.

Desde então, a tripulação está praticamente sem comunicação com suas famílias, já que seus celulares foram confiscados pelo FBI como parte da investigação. Joshua Messick, diretor de uma ONG local que protege os direitos de marinheiros, afirmou à BBC que eles receberam celulares novos, mas sem os dados antigos, o que dificulta o acesso aos contatos de amigos e familiares.

Eles não podem usar bancos virtuais, não podem pagar suas contas em casa. (...) Eles estão realmente isolados agora. Eles simplesmente não conseguem falar com quem precisam ou até olhar fotos dos filhos antes de dormir, é uma situação realmente triste."
declarou Joshua Messick, diretor de uma ONG local, à BBC

Marinheiros devem ganhar "passe" para passeio nos próximos dias

A expectativa é de que os restos do navio sejam levados de volta ao porto de Baltimore — em um processo ainda não detalhado pela marinha local.

Depois disso, os marinheiros devem ganhar um passe para pequenos passeios na região, segundo Messick, em grupos menores e, provavelmente, sob escolta. A ideia é, por exemplo, levá-los a um jogo de críquete, esporte popular na Índia.

Até o momento, não há nenhuma informação sobre quando ou como a equipe voltará para suas casas.

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A situação gerou revolta entre os sindicatos que os representam, sediados em Singapura, onde está a fabricante do navio. Em um comunicado de 11 de maio, eles pediram pela devolução imediata dos telefones dos funcionários, destacando que a falta de comunicação com a família está "causando um sofrimento significativo para os membros da tripulação com filhos pequenos".

Quando o assunto são mantimentos, a tripulação está sobrevivendo com doações de ONGs e moradores da região, que deram inclusive guloseimas indianas para os marinheiros. Darrel Wilson, porta-voz da Synergy Marine, empresa de Singapura responsável pelo navio, afirmou à BBC que representantes já viajaram aos Estados Unidos para acompanhar a situação e que centenas de quilos de comida pronta foram enviados até o grupo, para permitir que o cozinheiro a bordo descanse.

Um relatório preliminar das autoridades norte-americanas afirmou que a embarcação sofreu duas panes elétricas que atrapalharam seu funcionamento cerca de 10 horas antes do choque.

Mas por mais que o navio tenha ficado preso entre os escombros da ponte, sua equipe não pode desembarcar por não ter visto e por restrições impostas pelas autoridades, que afirmaram que é importante que eles permaneçam no local, inclusive para cuidar do que resta da embarcação. Durante a explosão de segunda-feira, planejada pela Guarda Costeira, os homens ficaram abrigados na parte de baixo do navio, abaixo do convés, sob a vigia de um grupo anti-incêndio.

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