Netanyahu reafirma que guerra só terminará com 'eliminação' do Hamas
Do UOL, em São Paulo
31/05/2024 17h18Atualizada em 31/05/2024 19h13
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta sexta-feira (31) que a guerra em Gaza só terminará com a "eliminação" política e militar do Hamas, após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, revelar que Israel havia apresentado um plano para pôr fim ao conflito.
O que aconteceu
Biden pediu que os membros do Hamas concordem com uma nova oferta de Israel sobre a libertação de reféns em troca de um cessar-fogo em Gaza. Na avaliação do democrata, essa é a melhor maneira de começar a encerrar o conflito. "Com um cessar-fogo, essa ajuda poderia ser distribuída de forma segura e eficaz a todos que precisam dela", disse Biden.
O gabinete de Netanyahu confirmou a realização da nova oferta ao Hamas. "O primeiro-ministro autorizou a equipe negociadora a apresentar um esquema para alcançar esse objetivo, ao mesmo tempo que insistiu que a guerra não terminará até que todos os objetivos sejam alcançados, incluindo o retorno de todos os nossos reféns e a eliminação das capacidades militares e governamentais do Hamas", destacou em um comunicado.
Hamas considerou a nova proposta como "positiva", segundo um comunicado. "O Hamas valoriza de maneira positiva o que foi incluído no discurso de hoje do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre um cessar-fogo permanente, a retirada das forças israelenses de Gaza, a reconstrução e a troca de prisioneiros", indicou o movimento após quase oito meses de guerra.
'Não podemos perder esse momento', diz Biden
Segundo Biden, a proposta de Israel inclui um "abrangente" acordo de cessar-fogo em Gaza. A oferta de negociação prevê a retirada das tropas israelenses do território palestino por seis semanas e a libertação de todos os reféns.
"Não podemos deixar passar este momento" para chegar a um acordo, disse Biden em um discurso na Casa Branca. O democrata instou o grupo islamista palestino Hamas a "aceitar o acordo".
Como alguém que tem um compromisso vitalício com Israel, como o único presidente americano que já foi a Israel em tempos de guerra, como alguém que acabou de enviar as forças dos EUA para defender diretamente Israel quando foi atacado pelo Irã, peço que deem um passo atrás e pensem no que acontecerá se esse momento for perdido. Não podemos perder este momento.
Joe Biden, presidente dos EUA
Propostas para o cessar-fogo
Uma proposta anterior, apresentada neste ano, pedia a libertação de reféns doentes, idosos e feridos em Gaza. Em troca haveria um cessar-fogo de seis semanas que poderia ser estendido para permitir a entrega de mais ajuda humanitária no enclave. O acordo proposto ruiu no início deste mês, depois que Israel se recusou a concordar com o fim permanente da guerra como parte das negociações e intensificou o ataque à cidade de Rafah, no sul de Gaza.
O Hamas afirmou na quinta-feira que havia dito aos mediadores que não participaria de mais negociações durante a agressão em curso. Porém, o grupo ressaltou que estava pronto para um "acordo completo", incluindo uma troca de reféns e prisioneiros se Israel parasse a guerra.
Vai e volta das negociações. As conversações mediadas por Egito, Catar e outros países para organizar um cessar-fogo entre Israel e o movimento islâmico na guerra de Gaza foram repetidamente paralisadas, com ambos os lados culpando o outro pela falta de progresso. Uma autoridade dos EUA, falando sob condição de anonimato, disse que o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, se reuniria na sexta-feira com diplomatas de 17 países que têm cidadãos mantidos como reféns em Gaza pelo Hamas.
Israel não concordará com qualquer interrupção dos combates. O país liderado por Netanyahu afirma que não fará parte de um acordo que não inclua o retorno dos reféns sobreviventes, afirmou uma autoridade de alto escalão da segurança israelense na sexta-feira. O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse na terça-feira que as recentes operações terrestres israelenses em Rafah não levariam a uma retirada dos EUA de mais ajuda militar.
Autoridades de saúde palestinas estimam que mais de 36.280 pessoas tenham sido mortas em Gaza. Os números são contabilizados desde que Israel atacou o enclave em resposta a uma ofensiva do Hamas em 7 de outubro no sul de Israel. O ataque do Hamas matou cerca de 1.200 pessoas, de acordo com os registros israelenses.
(Com AFP e Reuters)