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OPINIÃO

Sakamoto: Fala de Trump tenta manter apoio de quem não vive no 'Trumpverso'

Colaboração para o UOL, em São Paulo

31/05/2024 19h51Atualizada em 31/05/2024 20h12

Ao discursar hoje (31) em reação à sua condenação pela Justiça dos EUA, Donald Trump tentou manter o apoio de eleitores republicanos que não são radicais, afirmou o colunista do UOL Leonardo Sakamoto durante o UOL News desta sexta-feira.

"Foi só um delito leve", disse, após ser condenado por fraude contábil pelo Tribunal de Nova York. Ele disse ainda que recorrerá da decisão, que o julgamento foi injusto e que quer a troca do juiz. Sakamoto comentou como a decisão e o discurso de Trump podem impactar no desempenho eleitoral de seu opositor, o democrata Joe Biden.

Para o [Joe] Biden é bastante difícil o fato de que você tem uma parcela significativa da população norte-americana que vive numa realidade paralela construída pelas mentiras do trumpismo. A gente tem isso no Brasil também --só para lembrar que aqui também temos o 'Bolsoverso', que é a realidade paralela do bolsonarismo radical. Lá você também tem o pessoal Maga --'Make America Great Again'--, que é o lema do Trump. Essee pessoal Maga, que se identifica com o nome Maga, vive numa realidade paralela também e acredita e bebe em tudo que o Trump fala.

Esse pessoal não vai mudar. Esse pessoal inclusive acredita que o Trump tá sendo perseguido pela Justiça e não vai mudar. O Biden vai ter que se ater e ele tá buscando se ater, primeiro fazer com que os eleitores democratas que estão insatisfeitos com ele saiam de casa para votar. Quando saiu o resultado da decisão da condenação do Trump, o Biden falou 'Trump tem que ser derrotado nas urnas, então bora votar'. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

De acordo com Sakamoto, o apelo de Biden fez esse apelo para fazer com que os eleitores democratas saiam de casa para votar --o voto não é obrigatório nos Estados Unidos.

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Por que [Biden fez o apelo? Porque é exatamente isso. Existem duas coisas que os analistas nos Estados Unidos levantaram logo depois da condenação. A primeira que o fato de termos um candidato que é um ex-presidente, mas é um candidato que foi condenado criminalmente pela Justiça, pode fazer com que democratas que estão meio de saco cheio do Biden -- por uma série de razões, por causa do apoio dele a Israel durante o genocídio em Gaza, por causa do fato de que os preços nos Estados Unidos ainda seguem em por mais que a economia lá tenha melhorado os indicadores também --, então esse pessoal que tá meio chateado e não quer sair para votar com o Biden ele pode vir a sair exatamente para impedir [o retorno de um presidente condenado].

A segunda coisa é que existe um grupo de eleitores do Trump, e que pesquisas mostraram, como uma pesquisa encomendada pela CNN nos Estados Unidos em abril, que aponta que 24% dos republicanos poderiam mudar o voto caso o Trump fosse condenado criminalmente. Desses 12% que estão registrados para votar (...) poderiam mudar o voto. 'Ah, é pouca gente', não é numa situação em que o voto nos Estados Unidos não é quem tem mais voto ganha, você tem colégios eleitorais.

Isso pode fazer a diferença em estados que ora vota em um partido, ora em outro. Esse cara republicano que não é um trumpista radical, não vive sob o lema de Maga da realidade paralela, ele pode vir a mudar o voto exatamente por conta da condenação criminal do Trump. Isso pode também influenciar a eleição, ou seja, o grupo trumpista básico que é o que o Trump tá bombando aqui, não vai mudar de opinião. Mas o Trump tá tentando manter esse pessoal que não é radical junto com ele também, porque com a condenação pode mudar de lado. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Miguel Reale Jr: Não cabe a Moraes ser o julgador do caso em que é vítima

Também no UOL News desta sexta (31), o jurista Miguel Reale Jr. afirmou que não cabe a Moraes ser o julgador do caso em que é vítima de ameaça. Hoje, a Polícia Federal prendeu dois suspeitos em uma operação com o aval do próprio ministro.

[A prisão ocorre] Porque é sem dúvida alguma uma grave ameaça que visa impedir o exercício livre do Poder Judiciário, da jurisdição, com essas ameaças que são feitas de forma grave e assustadora conforme relato da vítima, o ministro Alexandre de Moraes.

A competência é do Supremo Tribunal Federal à medida que o Supremo é a vítima, ou seja, o impedimento é para o impedimento do exercício da jurisdição pelo STF. No entanto, me parece que não caberia ao ministro Alexandre de Moraes como vítima [fazer o julgamento]. Miguel Reale Jr., jurista

Há duas perspectivas com relação à vítima: a instituição e o ministro Alexandre de Moraes, sob o qual recaíram as ameaças. Portanto, me parece que não seria correto que fosse ele o julgador desse pedido de prisão preventiva, [já] que ele é, evidentemente, parte como vítima dessas ameaças. Miguel Reale Jr., jurista

Cláudio Couto: Preso por ameaça a Moraes representa contágio ideológico da Marinha

Para o cientista político Cláudio Couto, o fato de um dos presos ser fuzileiro naval representa um sintoma de contágio ideológico da Marinha pelo bolsonarismo.

Chamo atenção para um segundo aspecto dessa história, que a gente já falou muito disso nos últimos anos e nunca é demais insistir, que é o contágio que as Forças Armadas sofreram pelo bolsonarismo ao longo desse período. Estamos falando de um militar de carreira [segundo-sargento], ou seja, estamos falando de um contágio que atingiu a Marinha.

A gente lembra que um dos comandantes das Forças Armadas que se manifestaram favoravelmente à tentativa de golpe do Bolsonaro, segundo os relatos que já foram dados à Polícia Federal nas investigações que têm sido feitas sobre a tentativa de golpe, foi justamente o chefe da Marinha. Mas não me parece que isso é uma coisa restrita só a Marinha, é alguma coisa que tem atingido as Forças Armadas de maneira geral inclusive as hierarquias mais baixas.

Não acho que esses dois sejam casos isolados [e um sendo fuzileiro naval], eles são muito mais um sintoma de um contágio ideológico mais geral que a Marinha vem sofrendo do que propriamente apenas uma situação atípica. Cláudio Couto, cientista político

Cris Fibe: Em discussão com Piovani, Neymar é artilheiro da misoginia

O jogador de futebol Neymar Jr demonstrou ser um "artilheiro da misoginia" ao reagir nas redes sociais a críticas de Luana Piovani, afirmou a colunista Cristina Fibe, em participação no UOL News 2ª Edição desta sexta-feira (31).

Piovani criticou Neymar por apoiar a PEC 3/2022 —que pode privatizar praias que hoje pertencem à União. O texto, de autoria do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) está em discussão na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado transfere os chamados terrenos de Marinha aos seus ocupantes particulares, mediante pagamento.

Eu acho que o Neymar é artilheiro da misoginia. Ele fez um strike em vários sinalizadores de ódio à mulher. A misoginia nada mais é do que o ódio à mulher e o tratamento a nós mulheres como se a gente não tivesse a mesma relevância, a mesma importância, o mesmo direito à dignidade.

Eu falei artilheiro da misoginia porque ele usa os clichês que a gente tá acostumada a ouvir para atacar as mulheres. Primeiro, ele começa falando que ela é louca, quem deixou ela ir embora do hospício pega ela de volta. Ele já começa nesse tom, chama de louca.

Depois o etarismo: chama de velha, aumenta a idade dela. Luana por acaso não passou dos 50 anos. E se tivesse passado, qual seria o problema? Ele fala que ela já tá com mais de 50 e tá querendo lacrar na internet, desqualificando uma mulher pela sua idade --o que é uma coisa muito violenta não só com a Piovani, com todas as mulheres.

Quando ele usa louca, velha, e aí ele usa também o terceiro fator muito comum aos homens que é —desculpa, gente, licença— o famoso mal comida. Ele fala: 'Deve esta querendo alguma coisa comigo para tá não tá tirando meu nome da boca". Isso é muito agressivo também. Como se a Luana não tivesse o direito à opinião dela, mas ela estivesse dando a opinião dela para conquistar este alecrim dourado.

Por fim, ele usa de uma agressão que eu achei bastante violenta, que ele diz tem que enfiar um sapato na sua boca 'porque você só fala merda' —desculpa de novo o palavrão. Achei a reação dele bastante violenta, misógina, e —de novo— por que isso é importante? Cris Fibe, colunista do UOL

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa:

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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