'Bruxas da Noite': elas aterrorizavam com toneladas de bombas na 2ª Guerra
Chamadas de "Bruxas da Noite", um esquadrão exclusivamente feminino de pilotos de bombardeiros foi responsável pelo lançamento de toneladas de bombas durante a Segunda Guerra Mundial.
Quem foram as 'Bruxas da noite'
As "Bruxas da Noite" eram um esquadrão formado exclusivamente por mulheres — de pilotos de bombardeiros a mecânicas —, oficialmente denominado 588º Regimento de Bombardeiros Noturnos.
O regimento começou a ser formado em 1942, com mulheres com idades entre 17 e 26 anos. De acordo com a Vanity Fair, elas inicialmente foram transferidas para a pequena cidade de Engels para iniciar o treinamento de voo.
O primeiro bombardeio realizado pelas "Bruxas da Noite" aconteceu em 8 de junho daquele ano — e o esquadrão atormentaria os nazistas com bombardeios noturnos até o final da guerra.
Papel fundamental na vitória soviética sobre os nazistas. Grupo foi responsável por lançar mais de 23 mil toneladas de bombas — em aproximadamente 30 mil bombardeios — sobre alvos alemães durante a Segunda Guerra Mundial.
A União Soviética foi a primeira nação a permitir a participação de mulheres em combate. Segundo a BBC, muitas das integrantes do esquadrão estudavam Química, Física, Matemática, Astronomia ou Geografia na universidade quando a Alemanha atacou a União Soviética e os homens foram convocados para lutar.
No entanto, elas não queriam ficar para trás e começaram a escrever para Marina Raskova, a primeira mulher na União Soviética a obter um diploma de piloto profissional. Ela, então, pediu a Josef Stalin para formar seu próprio esquadrão, composto exclusivamente por mulheres — e ele concordou.
Enfrentando obstáculos
As mulheres do esquadrão pilotavam os biplanos Polikarpov Po-2, aeronaves precárias e antiquadas projetadas em 1928 como aviões de treinamento e pulverização agrícola.
Aeronave era feita de madeira compensada e lona — e, por isso, era muito leve, mas também vulnerável. A cabine, inclusive, ficava aberta, deixando as pilotos sem nenhum tipo de proteção durante os voos nas noites geladas de inverno.
Esses aviões só podiam transportar seis bombas por vez. Então, assim que uma corrida fosse concluída, as pilotos seriam rearmadas e enviadas de volta para outro bombardeio. Esse limite de peso também significava que elas não podiam usar paraquedas e também tinham que voar em altitudes mais baixas.
"Uma garota conseguiu voar sete vezes até a linha de frente e voltar em seu avião", disse Irina Rakobolskaya, chefe de gabinete das "Bruxas da Noite", em um documentário para a divisão educacional da NBC News. "Ela voltava tremendo, e eles penduravam novas bombas, reabasteciam seu avião, e ela partia para bombardear o alvo novamente. Foi assim que trabalhamos, você pode imaginar?", acrescentou.
Elas também foram forçadas a usar uniformes e botas velhas, descartadas por outros oficiais homens.
Machismo da época
Além dos obstáculos técnicos, elas também enfrentaram o machismo e o preconceito. Apesar de suas notáveis habilidades, muitos militares soviéticos achavam absurda a ideia de mulheres voando em combate.
"No início, os homens riram de nós", contou Rakovólskaya, a física e matemática russa que liderou o regimento durante algum tempo, em entrevista divulgada em 1993.
No entanto, a história mudou. "Eles viram como pilotávamos, e os homens do regimento de bombardeiros noturnos começaram a nos chamar de 'irmãs', e os soldados de infantaria diziam que éramos 'criaturas celestiais', enquanto os alemães nos chamavam de 'Bruxas da noite'", completou.
Por fim, em reconhecimento às suas conquistas, o esquadrão passou a ser chamado de 46º Regimento de Bombardeiros Noturnos da Guarda. Ainda de acordo com a Vanity Fair, o 588º perdeu 30 pilotos durante os combates. Outras 23 pilotos foram agraciadas com o título de Herói da União Soviética.