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'Sabia que tinha Deus comigo', diz Trump em 1º discurso após atentado

Do UOL, em São Paulo*

18/07/2024 23h51

Donald Trump discursou durante o quarto e último dia da convenção do Partido Republicano, em Milwaukee, na noite desta quinta-feira (18), e aceitou formalmente a nomeação como candidato do partido à Presidência dos Estados Unidos.

O que aconteceu

Trump voltou a pregar a união dos Estados Unidos. O republicano prometeu ser presidente 'de todos os Estados Unidos, não só da metade'. "Juntos, nós lançaremos uma nova era de segurança e liberdade. Nós subimos juntos ou nós desmoronamos juntos", afirmou.

O ex-presidente agradeceu ao povo americano pelo apoio após o atentado. "Ouvi um barulho sibilante e senti algo muito forte me atingindo na orelha direita. Vi que tinha sangue por toda parte. Soube imediatamente que era algo muito sério".

"Eu me senti seguro porque tinha Deus comigo", destacou. Ele disse que se não virasse a cabeça no momento exato, provavelmente, morrido. O republicano elogiou o trabalho do Serviço Secreto. "Se colocaram em perigo. Havia balas passando muito perto", destacou. "Eu não deveria estar aqui esta noite", concluiu.

Trump lamentou a morte de bombeiro morto em comício. O ex-presidente pediu um minuto de silêncio para Corey Comperatore, 50, que morreu durante o ataque no comício dele em Butler, Pensilvânia, e destacou uma campanha de arrecadação para a família do bombeiro. Ele também mostrou o uniforme que era usado por Corey em serviço.

Imigração também foi tema de discurso. O republicano reforçou sua posição sobre o tema e prometeu terminar muro na fronteira com México para combater 'imigração ilegal'.

Em discurso na convenção republicana, Donald Trump fez homenagem a bombeiro morto em comício Imagem: Chip Somodevilla / Getty Images via AFP

O ex-presidente afirmou, anteriormente, que reescreveu fala após atentado que sofreu no sábado (13).

Trump foi oficializado como candidato do Partido Republicano na segunda-feira (15). No mesmo dia, ele anunciou a escolha de J.D. Vance para ser o vice-presidente de sua chapa à Casa Branca.

Convenção republicana é realizada em Milwaukee. Trump compareceu ao evento nos três dias anteriores, com curativo na orelha direita devido aos ferimentos em decorrência do tiro de raspão que sofreu durante o comício.

Trump foi alvo de atentado no último sábado (13). O FBI diz que ataque está sendo investigado como um possível ato de terrorismo doméstico. A agência federal define terrorismo doméstico como atos dentro dos EUA que têm a intenção de intimidar, coagir civis ou influenciar políticas governamentais, segundo a agência de notícias Associated Press.

Atirador foi identificado. Thomas Matthew Crooks, 20, foi identificado pelo FBI como o atirador. Ele era de Bethel Park, Pensilvânia, a cerca de 64 km do local do comício. Crooks tinha material explosivo dentro do carro e em casa, segundo informações do canal de notícias CNN.

FBI suspeita que jovem tenha agido sozinho. Ainda não foi encontrado nenhum indicativo de que outra pessoa teria atuado no atentado.

'Ele é duro, mas se importa com as pessoas', diz Vance sobre Trump

J. D. Vance em primeiro discurso como candidato à vice-Presidência dos EUA na Convenção Nacional Republicana de Milwaukee Imagem: Reprodução

J. D. Vance fez seu primeiro discurso como candidato à vice-Presidência dos EUA na quarta-feira (17).

"Ele é duro, mas se importa com as pessoas", afirmou o atual aliado sobre o ex-presidente. No passado, Vance chegou a sugerir que Trump era um 'Hitler americano'. Depois, apagou todas as publicações feitas nas redes sociais e se alinhou ao ex-presidente. No discurso, ele se referiu a Trump como "o homem que conheci pessoalmente nos últimos anos".

Atentado a tiros contra Trump foi citado pelo candidato a vice. Vance destacou o gesto feito pelo colega de chapa, que ergueu o punho para o público logo após o disparo que atingiu sua orelha direita de raspão. "Eles disseram que ele era um tirano. Que deveria ser impedido a qualquer custo. E o que ele pediu? Unidade nacional. Logo após um assassino atentar contra a sua vida", disse.

"Ele não precisava da política, mas o país precisava dele", acrescentou. "Antes de concorrer à Presidência, ele era um dos empresários mais bem-sucedidos do mundo. Ao invés disso, ele optou por passar por abusos e perseguição", declarou.

Vice de Trump também fez críticas a Biden e sua vice, Kamala Harris. O republicano ressaltou que os democratas estão há tempo demais política e que, na Presidência dos EUA, não fizeram uma boa gestão da economia do país.

Vance foi anunciado como candidato a vice na segunda-feira (15). "[Vance] Teve uma carreira muito bem-sucedida em tecnologia e finanças e agora, durante a campanha, focará nas pessoas pelas quais lutou tão brilhantemente: os trabalhadores americanos e os agricultores na Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Ohio, Minnesota e muito mais", escreveu o ex-presidente na Truth Social, sua rede social.

Senhor presidente, eu nunca vou deixar de valorizar a confiança que você me deu. E quero ajudar a construir a extraordinária visão que você tem para esse país. Eu peço a todos os americanos. E juro que vou dar tudo de mim para servi-los e tornar esse país um lugar em que cada sonho que você tenha vai ser possível mais uma vez.
J.D. Vance, em primeiro discurso como candidato a vice de Trump

Pesquisas eleitorais após atentado

Primeira pesquisa após atentado contra Trump indica empate com Biden. De acordo com levantamento Ipsos para a agência Reuters, o republicano mantém leve avanço com 43% das intenções de voto contra 41% para o presidente Joe Biden, dentro da margem de erro de três pontos percentuais.

A pesquisa foi feita entre 14 e 16 de julho. Segundo a Reuters, apesar de ter provocado grande comoção nos EUA, a tentativa de assassinato de Donald Trump "não provocou mudanças no sentimento dos eleitores." A pesquisa também revela que a maioria dos americanos está preocupada com a violência política que pode levar o país ao caos com atos extremistas após as eleições.

Novo levantamento, porém, mostra vantagem do republicano. Pesquisa CBS/YouGov mostra o Trump com 52% da preferência do eleitorado, enquanto Biden aparece com 47%.

2.247 pessoas foram entrevistadas. A sondagem foi feita entre o 16 e 18 de julho, ou três dias após o atentado sofrido por Trump em comício na Pensilvânia.

Cidade da convenção é pêndulo eleitoral

Milwaukee é a maior cidade de um dos chamados de "swing state" ou "estados-pêndulo". Nessas regiões, a escolha entre candidatos do Partido Republicanos ou Democrata costuma variar. Em Wisconsin, na disputa de quatro anos atrás entre o atual presidente Joe Biden e Trump, o democrata venceu com 49,6% dos votos, enquanto o adversário obteve 48,9%.

Uma vitória em Wisconsin seria um grande passo para ganhar as eleições tanto para Biden quanto para Trump. Por enquanto, uma pesquisa eleitoral da Marquette Law School mostra que os dois estão quase empatados. Entre as prováveis pessoas que vão votar, 51% estão com Biden e 49% com Trump

Mas a cidade de Milwaukee em si costuma ser majoritariamente democrata. O município conta com cerca de 577 mil habitantes, conforme o censo de 2020.

Milwaukee é mais democrata do que há 20 ou 30 anos. De acordo com o jornal local Milwaukee Journal Sentinel, apenas um em cada sete eleitores se identificam como republicanos.

Apesar disso, os votos que a cidade representa para o partido são importantes. Dentro de Milwaukee eles podem estar em desvantagem, mas existem mais eleitores do Partido Republicano na cidade do que em outras comunidades de Wisconsin. Trump recebeu quase 50 mil votos na cidade quatro anos atrás, embora também tenha recebido votos de democratas e independentes.

Os apoiadores do Partido Republicano na cidade são um pouco mais moderados do que no restante do estado. Eles têm uma postura menos anti-Biden. 7% dos republicanos de Wisconsin preferem o atual presidente dos Estados Unidos do que Trump, enquanto em Milwaukee essa porcentagem é de 17%.

Há maior diversidade racial entre os eleitores republicanos na cidade. 90% dos republicanos no estado são brancos, 3% hispânicos e menos da metade de 1% negros. Já em Milwaukee, 74% dos republicanos são brancos, 11% hispânicos e 7% negros. Eles também são mais jovens. Um em cada dez eleitores dos Republicanos no estado tem menos de 30 anos, em comparação com um em cada cinco na cidade.

*Com AFP

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