Jamil Chade

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Reportagem

Vance sugeriu que Trump seria 'o Hitler americano': 'Meu Deus, que idiota'

Na noite de ontem (15), J.D. Vance estava sentando ao lado de Donald Trump na convenção republicana. Porém, a relação entre os dois nem sempre foi positiva. O agora candidato a vice-presidente já fez críticas ao seu companheiro de chapa. Em 2016, por exemplo, ele foi explícito:

"Meu Deus, que idiota", escreveu, ao se referir ao então candidato Trump.

Em mensagens privadas, Vance chegou a questionar se Trump seria um "America's Hitler"; nas redes sociais e entrevistas, deixou claro seu desprezo pelo ex-presidente, alertando que jamais votaria por ele.

"Eu oscilo entre pensar que Trump é um cínico idiota como Nixon, o que não seria tão ruim assim (e poderia até ser útil) ou que ele é o Hitler dos Estados Unidos", escreveu Vance a um amigo, em 2016. "Que tal isso para desanimar?", completou.

Em 2017, ele chegou a chamá-lo de "desastre moral" e "fraude" por "explorar" os problemas da classe média e baixa dos EUA.

Escritor, Vance apontou como Trump seria "uma heroína cultural" da classe média americana. "Ele não liga para essas pessoas", disse.

Nas redes sociais, o cristão e conservador destacou como o ex-presidente representava o oposto dos seus valores e que não descartava votar contra ele em 2016.

Para Vance, Trump era "uma das celebridades mais odiadas". Ele sugeriu que, se os americanos fossem mais à igreja, não estariam atraídos pelo discurso do republicano.

Assim que Vance foi anunciado como vice, a imprensa americana destacou seu passado nas redes sociais, inclusive dando "likes" para comentários de que Trump seria um "criminoso sexual em série".

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Oportunismo ou mudança de pensamento?

Houve uma mudança real do pensamento político de Vance ou ele seria um mero oportunista? Membros do Partido Republicano acreditam que a conta é simples: a eleição será definida em cerca de nove estados, e Vance —que serve de eco de Trump— pode ser fundamental em três deles.

Enquanto isso, o livro escrito pelo candidato a vice de Trump, "Hillbilly Elegy", saltou para o número 1 na Amazon em menos de 24 horas desde que foi anunciado na chapa republicana.

Críticas aos eleitores de Trump: "Racistas"

Destaque também foi dado na imprensa americana nas últimas horas aos seus ataques contra as políticas de imigração de Trump, alertando que a construção de um muro na fronteira com o México não funcionaria e como, ao seu ver, parte do eleitorado do ex-presidente seria formada por racistas.

"Definitivamente, algumas pessoas que votaram em Trump eram racistas e votaram nele por motivos racistas", disse Vance em 2016.

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Em julho daquele ano, ele alertou que Trump estava tornando o problema do ressentimento racial "pior" ao falar sobre "imigrantes estupradores e banir todos os muçulmanos". "Trump faz com que as pessoas com quem me preocupo tenham medo. Imigrantes, muçulmanos, etc. Por isso, eu o considero repreensível. Deus quer o melhor de nós", escreveu ele em outubro de 2016.

De crítico a ferrenho apoiador: eco de Trump

Tudo mudou a partir de 2020, quando Vance passou a ser candidato ao Senado e ganhou o apoio de Trump para o pleito de 2022. Sua estratégia? Pedir perdão por suas palavras.

"Eu disse essas coisas críticas e me arrependo delas, e me arrependo de estar errado sobre o cara (Trump)", disse Vance em 2021. "Como muitos outros conservadores e liberais de elite, eu me permiti focar tanto no elemento estilístico de Trump que ignorei completamente a maneira como ele estava oferecendo algo muito diferente em termos de política externa, comércio e imigração", justificou Vance.

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