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Maduro reage a comunicado dos EUA sobre eleição: 'Devem tirar o nariz'

Do UOL, em São Paulo

01/08/2024 23h03

O ditador venezuelano Nicolás Maduro reagiu ao comunicado dos Estados Unidos sobre o reconhecimento da vitória do candidato opositor Edmundo González e disse que os americanos não devem se meter em assuntos do país.

O que aconteceu

Fala de Maduro ocorreu em discurso transmitido ao vivo em seu perfil no X nesta quinta-feira (1º). Em tom irônico, citou o líder opositor Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente encarregado da Venezuela em 2019, ao alegar que a reeleição de Maduro havia sido uma fraude. Maduro também sugeriu que os Estados Unidos querem tomar o lugar do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) da Venezuela, que reconheceu sua vitória mesmo sem a divulgação das atas.

Querem impor um modelo 'Guaidó parte 2'. 'Guaidó parte 1' foi um fracasso, um dano ao país. Nós tivemos muita paciência com Guaidó. Agora os Estados Unidos dizem que a Venezuela tem outro presidente. Os Estados Unidos devem tirar o seu nariz da Venezuela. O povo venezuelano é quem manda na Venezuela. É quem pode. É quem decide. É quem elege. É uma contradição horrorosa. O CNE sofreu um ataque bruto. Agora os Estados Unidos dizer ter as atas.
Nicolás Maduro em discurso aos trabalhadores dos Comitês Locais de Abastecimento e Produção

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O ditador também criticou a OEA (Organização dos Estados Americanos) e os países que seguem sem reconhecer a eleição ocorrida no último fim de semana. "Nós estamos tranquilos, porque a revolução continua. Continua trabalhando e avançando", ressaltou Maduro.

Maduro foi eleito com cerca de 51% dos votos, segundo o CNE (Conselho Nacional Eleitoral), órgão eleitoral controlado pelo governo chavista. A oposição contestou imediatamente o resultado, denunciou irregularidades na contagem dos votos e disse que o seu candidato, o diplomata Edmundo González Urrutia, havia sido eleito o novo presidente da Venezuela.

A suspeita de irregularidades provocou violência generalizada no país. Vídeos publicados nas redes sociais logo após o anúncio da suposta vitória mostram críticos ao regime entrando em confronto com a Guarda Nacional Bolivariana e paramilitares pró-Maduro, além da derrubada de estátuas que homenageiam o "chavismo", que já completa 25 anos no poder.

EUA reconhecem vitória da oposição em comunicado. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken disse que obteve o maior número de votos na eleição presidencial na Venezuela. "Dada a evidência esmagadora, é claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano, que Edmundo González Urrutia recebeu a maioria dos votos na eleição presidencial de 28 de julho na Venezuela."

Parabenizamos Edmundo González Urrutia pelo sucesso de sua campanha. Agora é a hora de as partes venezuelanas iniciarem discussões sobre uma transição respeitosa e pacífica, de acordo com a lei eleitoral venezuelana e os desejos do povo venezuelano. Apoiamos plenamente o processo de restabelecimento das normas democráticas na Venezuela.
Antony Blinken, secretário de Estados dos EUA

Brasil pede a divulgação de atas eleitorais. O assessor para Assuntos Internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, afirmou nesta quinta-feira (1º) que o Brasil está decepcionado com a demora para a divulgação das atas da eleição presidencial na Venezuela. O chanceler disse ainda acreditar que a organização sem fins lucrativos que acompanha eleições ao redor do mundo, o Centro Carter, "não é manipulado".

O assessor brasileiro destacou que o contexto venezuelano agrava a situação. "Em qualquer país, o ônus da prova está em quem acusa. Mas, no caso da Venezuela, o ônus da prova está em quem é acusado, em quem é objeto de suspeição. Em função de tudo o que já aconteceu, de todo o quadro político, há uma expectativa de que a Venezuela e o governo venezuelano possam provar a votação que ele alega ter tido."

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