Conteúdo publicado há 3 meses

EUA consideram que González venceu eleição na Venezuela, diz Blinken

Após suspeitas de fraude eleitoral, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse nesta quinta-feira (1º) que o candidato opositor Edmundo González Urrutia obteve o maior número de votos na eleição presidencial na Venezuela.

O que aconteceu

Declaração foi feita por Blinken em comunicado. "Dada a evidência esmagadora, é claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano, que Edmundo González Urrutia recebeu a maioria dos votos na eleição presidencial de 28 de julho na Venezuela."

Parabenizamos Edmundo González Urrutia pelo sucesso de sua campanha. Agora é a hora de as partes venezuelanas iniciarem discussões sobre uma transição respeitosa e pacífica, de acordo com a lei eleitoral venezuelana e os desejos do povo venezuelano. Apoiamos plenamente o processo de restabelecimento das normas democráticas na Venezuela.
Antony Blinken, secretário de Estados dos EUA

Maduro reagiu pouco depois, em discurso transmitido ao vivo em seu perfil no X. Em tom irônico, citou o líder opositor Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente encarregado da Venezuela, em 2019, ao alegar que a reeleição de Maduro havia sido uma fraude. Maduro também sugeriu que os Estados Unidos querem tomar o lugar do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) da Venezuela, que reconheceu sua vitória mesmo sem a divulgação das atas.

Querem impor um modelo 'Guaidó parte 2'. 'Guaidó parte 1', foi um fracasso, um dano ao país. Nós tivemos muita paciência com Guaidó. Agora os Estados Unidos dizem que a Venezuela tem outro presidente. Os Estados Unidos devem tirar o seu nariz da Venezuela. O povo venezuelano é quem manda na Venezuela. É quem pode. É quem decide. É quem elege. É uma contradição horrorosa. O CNE sofreu um ataque bruto. Agora os Estados Unidos dizer ter as atas.
Nicolás Maduro em discurso aos trabalhadores dos Comitês Locais de Abastecimento e Produção

Maduro foi eleito com cerca de 51% dos votos, segundo o CNE (Conselho Nacional Eleitoral), órgão eleitoral controlado pelo governo chavista. A oposição contestou imediatamente o resultado, denunciou irregularidades na contagem dos votos e disse que o seu candidato, o diplomata Edmundo González Urrutia, havia sido eleito o novo presidente da Venezuela.

A suspeita de irregularidades provocou violência generalizada no país. Vídeos publicados nas redes sociais logo após o anúncio da suposta vitória mostram críticos ao regime entrando em confronto com a Guarda Nacional Bolivariana e paramilitares pró-Maduro, além da derrubada de estátuas que homenageiam o "chavismo", que já completa 25 anos no poder.

Países da América Latina disseram que é preciso checar se os resultados respeitaram a vontade popular. Uruguai, Argentina, Costa Rica, Equador, Paraguai, Peru e República Dominicana publicaram carta conjunta e pediram uma contagem transparente dos votos.

Brasil pede a divulgação de atas eleitorais. O assessor para Assuntos Internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, afirmou nesta quinta-feira (1º) que o Brasil está decepcionado com a demora para a divulgação das atas da eleição presidencial na Venezuela. O chanceler disse ainda acreditar que a organização sem fins lucrativos que acompanha eleições ao redor do mundo, o Centro Carter, "não é manipulado".

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O assessor brasileiro destacou que o contexto venezuelano agrava a situação. "Em qualquer país, o ônus da prova está em quem acusa. Mas, no caso da Venezuela, o ônus da prova está em quem é acusado, em quem é objeto de suspeição. Em função de tudo o que já aconteceu, de todo o quadro político, há uma expectativa de que a Venezuela e o governo venezuelano possam provar a votação que ele alega ter tido."

Leia o comunicado de Antony Blinken na íntegra

Os Estados Unidos aplaudem o povo venezuelano pela sua participação nas eleições presidenciais de 28 de julho, apesar dos desafios significativos. Pelo menos 12 milhões de venezuelanos foram pacificamente às urnas e exerceram um dos direitos mais poderosos concedidos às pessoas em qualquer democracia: o direito de votar. Infelizmente, o processamento desses votos e o anúncio dos resultados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado por Maduro, foram profundamente falhos, produzindo um resultado anunciado que não representa a vontade do povo venezuelano.

A rápida declaração da CNE de que Nicolás Maduro era o vencedor das eleições presidenciais não apresentou quaisquer provas de apoio. O CNE ainda não publicou dados desagregados nem nenhuma das folhas de cálculo dos votos, apesar dos repetidos apelos dos venezuelanos e da comunidade internacional para o fazer. Tal como relatou a missão de observação independente do Centro Carter, o fato de o CNE não ter fornecido os resultados oficiais, bem como as irregularidades ao longo do processo, retiraram qualquer credibilidade ao resultado anunciado pelo CNE.

Entretanto, a oposição democrática publicou mais de 80% dos editais recebidos diretamente das assembleias de voto em toda a Venezuela. Esses editais indicam que Edmundo González Urrutia recebeu o maior número de votos nesta eleição por uma margem intransponível. Observadores independentes corroboraram estes fatos, e este resultado foi também apoiado pelas sondagens à boca das urnas e pelas contagens rápidas no dia das eleições. Nos dias que se seguiram às eleições, consultamos amplamente parceiros e aliados em todo o mundo e, embora os países tenham adotado abordagens diferentes na resposta, nenhum concluiu que Nicolás Maduro recebeu o maior número de votos nestas eleições. Dadas as provas esmagadoras, é claro para os Estados Unidos e, mais importante ainda, para o povo venezuelano que Edmundo González Urrutia obteve o maior número de votos nas eleições presidenciais de 28 de Julho na Venezuela.

Além disso, os Estados Unidos rejeitam as alegações infundadas de Maduro contra os líderes da oposição. As ameaças de Maduro e dos seus representantes de prender líderes da oposição, incluindo Edmundo González e María Corina Machado, são uma tentativa antidemocrática de reprimir a participação política e manter o poder. A segurança dos líderes e membros da oposição democrática deve ser protegida. Todos os venezuelanos detidos enquanto exerciam pacificamente o seu direito de participar no processo eleitoral ou exigem transparência no apuramento e anúncio dos resultados devem ser libertados imediatamente. As forças policiais e de segurança não devem tornar-se um instrumento de violência política utilizado contra os cidadãos que exercem os seus direitos democráticos.

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Parabenizamos Edmundo González Urrutia pelo sucesso de sua campanha. Agora é a hora de as partes venezuelanas iniciarem discussões sobre uma transição respeitosa e pacífica, conforme a lei eleitoral venezuelana e os desejos do povo venezuelano. Apoiamos plenamente o processo de restabelecimento das normas democráticas na Venezuela e estamos prontos a considerar formas de o reforçar em conjunto com os nossos parceiros internacionais.

*Com informações de Reuters e AFP

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