Boric: Supremo da Venezuela consolidou fraude ao validar vitória de Maduro
Do UOL, em São Paulo*
22/08/2024 17h43Atualizada em 22/08/2024 21h57
O presidente do Chile, Gabriel Boric, declarou que a sentença do TSJ (Tribunal Supremo de Justiça) da Venezuela consolidou a "fraude" eleitoral nas eleições do país. A Justiça do país chancelou, nesta quinta-feira (22), reeleição contestada de Nicolás Maduro.
O que aconteceu
Boric afirmou que o Chile não reconhece a vitória da Maduro. "Falso triunfo", escreveu e uma publicação no X. "Hoje, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela acaba de consolidar a fraude. O regime de Maduro obviamente acolhe com entusiasmo sua sentença, que estará marcada pela infâmia", acrescentou.
O presidente do Chile classificou o atual governo da Venezuela como "ditadura" que "falsifica eleições'. Boric publicou ainda que a gestão de Maduro reprime quem pensa diferente. "Vi nos olhos de milhares de venezuelanos que exigem democracia em sua pátria e que hoje recebem uma nova batida de porta".
Ele destacou que, devido ao seu posicionamento, já espera receber insultos. "Certamente, por causa da nossa posição, receberemos (como é costume) insultos de suas autoridades. Assassinaram a palavra democracia. A ditadura venezuelana não é de esquerda. Uma esquerda continental profundamente democrática que respeite os direitos humanos independentemente da cor da pessoa que os viola é possível e necessária", continuou.
Já o presidente da Guatemala, Bernardo Arévalo, afirmou que o governo de Maduro "não é democrático" e, portanto, não reconhece a decisão. "A crise na Venezuela é inegável, e desde a Guatemala já dissemos que suas recentes eleições são apenas uma demonstração disso: o regime de Maduro não é democrático e não reconhecemos sua fraude", disse o presidente social-democrata na rede social X.
Arévalo acrescentou que "os povos de todo o nosso continente" devem "exigir uma saída pacífica" para a crise.
Supremo da Venezuela valida reeleição de Maduro sem divulgação de atas
O TSJ validou a reeleição do presidente Nicolás Maduro para um terceiro mandato de seis anos. Decisão ocorreu mesmo sem a divulgação das atas eleitorais. Sentença acontece quase um mês após o pleito, ocorrido em 28 de julho.
Validação vem após uma série de denúncias de fraude. O órgão, porém, é comandado por apoiadores governo chavista, representado por Nicolás Maduro.
A Suprema Corte também endossou a tese do governo de que o sistema eleitoral foi alvo de um ataque hacker. Para o TSJ, o suposto incidente é "evidente".
O TSJ ainda pediu sanções contra o candidato da oposição Edmundo González Urrutia por "desrespeito" ao tribunal. A presidente do tribunal, Caryslia Rodriguez, disse que a decisão sobre a reeleição de Maduro não pode ser objeto de recurso.
Edmundo González ressaltou a "soberania popular" após a sentença da Suprema Corte. "A soberania reside de forma intransferível no povo. Os órgãos do Estado emanam da soberania popular e a ela estão sujeitos".
Mais cedo, ele já havia criticado o posicionamento do TSJ em uma publicação nas redes sociais. "Nenhuma decisão substituirá a soberania popular. O país e o mundo conhecem a sua parcialidade e, portanto, a sua incapacidade para resolver o conflito. Sua decisão só agravará a crise", diz um trecho do post.
A ONU alertou para a "falta de independência" e "imparcialidade" do TSJ e do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), que ratificou a vitória no início do mês. "O governo exerce uma ingerência indevida sobre decisões do TSJ por meio de mensagens diretas aos magistrados e declarações públicas do presidente Nicolás Maduro e Diosdado Cabello [vice-presidente da sigla do ditador]", disse Marta Valiñas, presidente do grupo da ONU que acompanha a eleição na Venezuela.disse Marta Valiñas, presidente do grupo da ONU que acompanha a eleição na Venezuela..
*com informações da AFP