DNA desvenda morte 40 anos depois; risco de erro é só 1 em 550 quintilhões
O caso de uma jovem de 25 anos encontrada morta em janeiro de 1980, em Austin, nos Estados Unidos, foi enfim solucionado. Com o auxílio da tecnologia e em uma operação nacional, autoridades norte-americanas chegaram ao responsável pela morte de Susan Wolfe.
O que aconteceu
Caso estava arquivado, mas teve avanço nos últimos meses. A polícia de Austin, no Texas, acusou um homem de 78 anos, cuja amostra de DNA corresponde às evidências encontradas na autópsia de uma jovem assassinada em 1980. Após anos de investigação e com o caso anteriormente arquivado, o Tribunal Municipal de Austin emitiu, na última quarta-feira (14), um mandado de prisão acusando Deck Brewer Jr. pela morte de Susan Leigh Wolfe.
Suspeito já estava preso. De acordo com a polícia, Brewer já estava detido pelo Departamento de Correções de Massachusetts por acusações não relacionadas ao assassinato de Susan.
Pistas e entrevistas marcaram o início das investigações. Segundo o Departamento de Polícia de Austin (APD, na sigla em inglês), durante o primeiro ano de investigação, os responsáveis "seguiram incansavelmente dezenas de pistas, investigaram e localizaram numerosos carros que correspondiam à descrição da testemunha, encontraram mais de 40 potenciais suspeitos e entrevistaram pelo menos seis deles". No entanto, não houve avanço significativo na época e o caso acabou sendo arquivado.
Processo foi retomado décadas depois. Em abril de 2023, detetives da Unidade de Casos Arquivados da APD apresentaram evidências relacionadas à agressão sexual de Susan Wolfe ao laboratório criminal do Departamento de Segurança Pública (DPS, em inglês). Após análise do Departamento de Ciência Forense de Austin e do laboratório criminal, as evidências foram aceitas para testes.
Resultado dos testes de DNA foi inserido em sistema unificado. O perfil genético obtido a partir das evidências testadas foi inserido no Sistema Combinado de Índice de DNA (CODIS, em inglês), programa computadorizado que reúne bancos de dados locais, estaduais e nacionais de perfis de DNA de infratores condenados, evidências não resolvidas de cenas de crimes e pessoas desaparecidas.
Correspondência no sistema solucionou caso. Semanas depois da inserção das evidências no sistema, a APD foi notificada de que uma possível correspondência no CODIS havia sido localizada em Massachusetts: o relatório identificava Deck Brewer Jr. como compatível com o DNA encontrado no corpo de Susan. Para confirmar a compatibilidade no material genético, a polícia colheu novamente amostra de DNA de Brewer, que confirmou que estava em Austin no dia do crime contra Susan. "Brewer invocou seu direito a um advogado depois que lhe disseram que seu DNA foi encontrado na cena de um homicídio", diz comunicado da polícia sobre o caso.
Deck Brewer Jr. não pode ser excluído como o contribuidor do componente principal neste perfil de DNA. A probabilidade de selecionar aleatoriamente uma pessoa não relacionada que poderia ser o contribuidor do componente principal neste perfil de DNA é de aproximadamente 1 em 550,5 quintilhões. Um quintilhão é seguido por 18 zeros
Comunicado oficial da polícia sobre o resultado da análise de DNA feita recentemente
O caso
Susan foi sequestrada aos 25 anos. Em 9 de janeiro de 1980, Susan Leigh Wolfe foi raptada a um quarteirão de sua residência enquanto ia para a casa de uma amiga em Austin. A jovem havia se matriculado naquele mesmo dia para o curso de enfermagem na Universidade do Texas.
Relato de testemunha deu mais detalhes sobre o sequestro. Testemunha ouvida pela polícia contou que o motorista de um carro encostou o veículo próximo à Susan, a agarrou em um "abraço de urso", colocou um casaco sobre sua cabeça e forçou-a a entrar no carro. Ainda de acordo com o relato, a porta do passageiro também se abriu. No entanto, a testemunha disse não ter visto o que o passageiro fez durante o sequestro. Segundo o Departamento de Polícia do Texas, a testemunha tinha experiência no setor automotivo e conseguiu identificar o carro como um Dodge Polara 1970.
Violência contra a jovem foi extrema. O corpo de Susan foi encontrado em um beco na manhã seguinte ao sequestro. De acordo com a autópsia, Susan foi abusada sexualmente, estrangulada e baleada. Segundo o patologista responsável pelo caso, a causa da morte de Susan foi um disparo em sua cabeça. No local, os investigadores conseguiram encontrar evidências de DNA de um dos suspeitos.
Investigação segue. De acordo com a polícia de Austin, o caso de Susan permanece em andamento, já que as autoridades estão "seguindo pistas em um esforço para identificar o passageiro do carro" quando a jovem foi sequestrada.
Tecnologia na análise de DNA tem sido fundamental na resolução de casos arquivados. O processo realizado no caso de Susan foi possível graças ao avanço tecnológico no que diz respeito à análise de material genético por parte das autoridades. Segundo Michael Arntfield, da Western University em Ontário, no Canadá, até os avanços recentes nesse campo, era necessário carregar nos sistemas "uma quantidade considerável de DNA" para aquela amostra ser comparada. Em entrevista à rede norte-americana CNN, Arntfield afirmou que possivelmente os investigadores do caso de Susan não tivessem amostra de DNA suficiente para realizar as análises feitas mais de 40 anos depois do crime.
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