Exército israelense pede que tropas 'estejam prontas' para entrar no Líbano
Do UOL, em São Paulo
25/09/2024 13h06Atualizada em 25/09/2024 16h14
O chefe do Exército israelense, Herzi Halevi, citou uma "possível" entrada por terra no Líbano e pediu às suas tropas, nesta quarta-feira (25), que estejam preparadas.
O que aconteceu
Trecho da conversa entre Halevi e alguns soldados foi divulgado pelo Exército israelense. No vídeo, o chefe de gabinete das Forças Armadas de Israel afirmou que os bombardeios a alvos do Hezbollah têm a função de "preparar o terreno para uma possível entrada" por terra.
Herzi Halevi também afirmou que o Hezbollah receberá "um ataque muito forte" após disparar mísseis contra Tel Aviv. O general lembrou aos militares que o principal objetivo é devolver os residentes para o norte de Israel, cerca de 70 mil pessoas.
Para conseguir isso, estamos preparando o processo de uma manobra, o que significa que suas botas militares entrarão em território inimigo, entrarão em aldeias que o Hezbollah preparou como grandes postos militares avançados, com infraestrutura subterrânea, pontos de parada e plataformas de lançamento em nosso território para realizar ataques contra civis israelenses
Herzi Halevi, chefe do Exército israelense
Estratégia de Israel é demonstrar força militar para mudar a posição declarada do Hezbollah. Grupo diz que continuará atacando Israel enquanto não houver um cessar-fogo em Gaza. Outro objetivo do governo israelense é retomar o controle do norte do país, de onde milhares de israelenses fugiram desde que o grupo passou a disparar mísseis contra o país, em 8 de outubro.
Israel convocou reservistas para reforçar defesa após mísseis do Hezbollah
Duas brigadas de reserva vão atuar em missões operacionais no norte israelense. O Exército de Israel está envolvido em confrontos transfronteiriços com o movimento libanês Hezbollah.
Convocação foi feita após o Hezbollah realizar a uma base militar e a assentamentos de colonos no norte de Israel, nesta quarta-feira (25). "Isto permitirá a continuação do combate contra a organização terrorista Hezbollah, a defesa do Estado de Israel e criará as condições para permitir que os residentes do norte de Israel regressem às suas casas", diz comunicado divulgado pelas Forças de Defesa israelenses.
Militantes do Hezbollah disseram ter atacado a sede da agência de espionagem israelense Mossad. Em comunicado, os militares israelenses afirmaram que um único míssil foi interceptado por sistemas de defesa aérea após ser detectado vindo do Líbano. O porta-voz militar israelense, Nadav Shoshani, afirmou que não podia confirmar qual era o alvo do Hezbollah quando disparou o míssil de um vilarejo no Líbano. "O resultado foi um míssil pesado, indo em direção a Tel Aviv, em direção a áreas civis em Tel Aviv. A sede da Mossad não fica nessa área", disse ele.
Sirenes de alerta soaram em Tel Aviv, mas não houve relatos de danos ou vítimas. As sirenes também soaram em outras áreas da região central de Israel, incluindo a cidade de Netanya. As autoridades israelenses confirmaram que a região da Galileia, no norte de Israel, foi atingida por fortes bombardeios do Hezbollah na manhã de quarta-feira.
As trocas de disparos quase diárias na área de fronteira entre Israel e Líbano começaram em 2023. Tensão piorou após o início da guerra em outubro de 2023 entre Israel e o grupo palestino Hamas na Faixa de Gaza, na fronteira sul de Israel, com o Hezbollah dizendo que estava agindo em solidariedade ao seu aliado Hamas.
Líbano tem mais de 50 mortos em novo dia de bombardeios israelenses
Bombardeios israelenses atingiram o sul do Líbano e as montanhas ao norte de Beirute nesta quarta-feira. Ataques, segundo Israel, ocorreram após míssil lançado pelo Hezbollah contra Tel Aviv ser destruído.
Ao menos 51 pessoas morreram, segundo o Ministério da Saúde do Líbano. Entre as cidades com mortos estão Tebnine, Bint Jbeil, Ain Qana, Kesruan e Chouf.
Região montanhosa ao norte de Beirute foi uma das atingidas. Segundo a Agência Nacional de Notícias do Líbano, foguetes caíram em uma casa e um café no enclave de Kesruan, um "vilarejo" xiita localizado em área de maioria cristã. Três pessoas morreram e nove ficaram feridas no local.
Mais de 90 mil pessoas deslocadas. Segundo a Organização Internacional para as Migrações da ONU, 90.530 pessoas precisaram deixar as próprias casas desde a segunda-feira.
Entre os mortos desde a segunda-feira (23) estão dois jornalistas. Um deles, Hadi al-Sayed, era do canal libanês Al Mayadeen; o outro, Kamel Karaki, era câmera do canal Al-Manar.
Papa Francisco diz que situação é "inaceitável". Em audiência geral nesta quinta, o pontífice afirmou que "espera que a comunidade internacional faça esforço para parar esta escalada terrível".
Este é o terceiro dia de ataques na região
Ataques desta quarta ocorrem após dia de bombardeios no sul e leste do Líbano, segundo a agência estatal NNA. Um dos ataques dessa quarta atingiu o bairro de Ghobeiry, onde acontecia um funeral de oito pessoas, incluindo cinco mulheres, mortas na sexta-feira (20) em outro bombardeio.
Comandante militar do Hezbollah foi morto. Ibrahim Muhammad Qabisi teve a morte confirmada pelo próprio grupo extremista. Ele guiava várias unidades de mísseis do grupo xiita, segundo o Exército de Israel.
O Exército de Israel diz que atingiu dezenas de alvos do Hezbollah, incluindo integrantes do grupo e armas, em represália a um ataque noturno. Segundo fontes de defesa citadas pela imprensa israelense, um dos alvos foi Abu Jawad Harikhi, um dos comandantes do sistema de mísseis da organização extremista. Ainda não há informações se ele foi atingido.
Hezbollah lançou foguetes contra o norte de Israel. Projéteis atingiram uma base aérea e um campo de aviação nas proximidades da cidade de Afula. Horas depois, o grupo atacou a cidade de Kiryat Shmona, atingindo prédios e causando incêndios. Segundo Israel, cerca de 100 projéteis foram lançados, mas a maioria foi interceptada.
Voos foram cancelados no Aeroporto Internacional Rafic Hariri, em Beirute. Pelo menos 40 voos com destino ou saída de Beirute foram cancelados na quarta. Algumas companhias, como a Qatar Airways e Lufthansa, decidiram suspender todos os seus voos para o Líbano, mas as autoridades libanesas decidiram manter a operação aérea.
Pelo menos 558 pessoas morreram e 1.835 ficaram feridas nos bombardeios somente na segunda-feira, informou o governo libanês. Os ataques desta semana são os mais mortais no Líbano desde a guerra civil, entre 1975 e 1990.
"A grande maioria dos mortos, senão todos, eram pessoas desarmadas que estavam em suas casas", disse o ministro libanês da Saúde, Firass Abiad. Dezenas de milhares de pessoas fugiram de suas casas desde o início dos bombardeios.