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Bombardeios de Israel no Líbano acendem alerta; há risco de guerra total?

Os bombardeios de Israel no Líbano continuam nesta quarta-feira (25) pelo terceiro dia seguido. A série de ataques, que já deixou centenas de mortos e quase 2.000 feridos, acendeu um alerta entre líderes mundiais, que temem uma guerra total entre israelenses e o grupo libanês Hezbollah — o que desestabilizaria ainda mais a região, já abalada pelo conflito na Faixa de Gaza.

O que aconteceu

Bombardeio mais recente atingiu área ao norte de Beirute. Moradores de Maysara, um enclave xiita na região montanhosa de Kesruan, de maioria cristã, confirmaram à AFP que ouviram duas fortes explosões na cidade, que fica a 25 quilômetros de Beirute. Ao todo, 51 pessoas morreram e 220 ficaram feridas, segundo a ANI (Agência Nacional de Notícias do Líbano).

Hezbollah disparou um míssil contra a periferia de Tel Aviv. O ataque tinha como alvo o serviço de inteligência e contraterrorismo de Israel, a 200 km da fronteira com o Líbano, e foi interceptado pelo sistema de defesa antiaérea, de acordo com o Exército israelense. Mais tarde, um bombardeio de Israel na região de Nafakhiyeh atingiu o local de onde míssil havia sido lançado.

Na véspera, seis pessoas morreram em outro ataque de Israel. O Líbano diz que outras 25 ficaram feridas. Ainda na terça (24), o Hezbollah confirmou a morte de mais um de seus comandantes militares, Ibrahim Mohammed Qabisi, durante um ataque na periferia de Beirute. Segundo Israel, Qabisi coordenava a rede de mísseis e foguetes da milícia libanesa.

Ataque de segunda (23), o mais letal, deixou 558 mortos no Líbano. Outras 1.835 pessoas ficaram feridas, de acordo com o governo libanês, que vê os bombardeios desta semana como os mais mortais desde a guerra civil, entre 1975 e 1990. "A grande maioria dos mortos, senão todos, eram pessoas desarmadas que estavam em suas casas", disse o ministro da Saúde, Firass Abiad.

Bombardeio de sexta (20) derrubou um prédio no sul de Beirute. O ataque matou Ibrahim Akil, comandante da unidade de elite Radwan do Hezbollah, que liderava a campanha de lançamentos de mísseis e drones contra o norte de Israel, segundo alegou o governo israelense. Ao todo, 45 pessoas foram mortas e mais de 60 ficaram feridas na capital libanesa.

Escalada de tensões

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Israel e Hezbollah têm se atacado desde o início da guerra em Gaza. Ambos sempre recuaram quando conflito parecia estar prestes a sair de controle. Recentemente, porém, Israel havia alertado sobre uma operação militar maior para interromper os ataques com origem no Líbano e permitir que centenas de milhares de israelenses refugiados retornem para suas casas.

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Fronteira entre Israel e Líbano é palco de ataques quase diários. Até segunda (23), os disparos haviam matado cerca de 600 pessoas no Líbano — a maioria combatentes do Hezbollah — e 50 militares e civis israelenses. Também forçaram centenas de milhares de pessoas que moram perto da fronteira a deixarem suas casas, tanto em Israel quanto no Líbano.

Crise aumentou após explosões de pagers e walkie-talkies do Hezbollah. O que tem sido considerado como um ataque sem precedentes (assista acima) matou, ao todo, 37 pessoas — incluindo duas crianças — e deixou quase 3.000 feridos, segundo balanço do Ministério da Saúde libanês. As explosões foram um duro golpe para o Hezbollah, que culpou Israel e prometeu vingança.

Risco de guerra

Países temem que aliados de Israel e Líbano se envolvam no conflito. Líderes mundiais estão preocupados com a possibilidade de que os Estados Unidos, próximo a Israel, e o Irã, que apoia o Hezbollah e milícias em todo o Oriente Médio, sejam arrastados para uma guerra mais ampla na região.

Israel fala em 'enfraquecer a ameaça' representada pelo Hezbollah. O governo israelense ameaçou transformar todo o sul do Líbano num campo de batalha, argumentando que o Hezbollah colocou foguetes, armas e forças ao longo da fronteira. Em meio à retórica exacerbada dos últimos meses, líderes de Israel já falaram em provocar no Líbano os mesmos danos causados em Gaza.

Superioridade tecnológica dá vantagem a Israel sobre os rivais. Tanto no Líbano quanto em Gaza, Israel localizou e matou alguns dos principais comandantes do Hezbollah e do Hamas ao longo dos últimos meses.

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Não podemos deixar o Hezbollah descansar. Devemos continuar com toda a nossa força.
Herzi Halevi, general israelense

Mas o Hezbollah seria um inimigo mais difícil para Israel que o Hamas. Criado em 1982 pela Guarda Revolucionária do Irã para combater a invasão israelense no Líbano, o Hezbollah tem vasta experiência, é altamente disciplinado e conta com um armamento melhor do que seu aliado palestino. Além disso, o movimento libanês já declarou que não quer uma guerra mais ampla.

Paralelamente, as críticas a Israel tem sido cada vez mais duras. Em comunicado divulgado hoje, Iraque, Egito e Jordânia acusam Israel de empurrar a região para uma "guerra total". O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, foi mais longe, tendo comparado o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a Adolf Hitler, líder da Alemanha nazista.

Países já travaram uma guerra intensa de 34 dias em 2006. O conflito deixou mais de 1.200 mortos do lado libanês, a maioria civis, e cerca de 160 do lado israelense, a maioria soldados. "Israel [agora] quer aumentar a pressão sobre o Hezbollah e forçá-lo a repensar a sua estratégia de alinhamento com a situação em Gaza. A situação é muito perigosa, mas ainda há espaço para a diplomacia evitar o pior", disse à AFP o analista político Michael Horowitz.

(Com AFP, Deutsche Welle e RFI)

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