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Vídeo mostra Yahya Sinwar, líder do Hamas, momentos antes de ser morto

Do UOL, em São Paulo

17/10/2024 17h52

Um vídeo divulgado pelas Forças de Defesa de Israel mostra Yahya Sinwar, líder do grupo extremista Hamas, momentos antes de ser morto.

O que aconteceu

Imagens mostram Yahya Sinwar sentado em uma poltrona. Sinwar está em um prédio destruído que já havia sido bombardeado por Israel.

Com o rosto coberto, o então líder do Hamas encara o drone. A filmagem, que dura 47 segundos, mostra que o combatente tenta atingir o equipamento israelense com um pedaço de madeira, mas não consegue.

Ele foi morto momentos depois. Sinwar estava com outros dois membros do Hamas em Tal as Sultan, perto de Rafah, quando foi assassinado, segundo Israel. As Forças de Defesa afirmaram que os soldados mataram três homens armados e só desconfiaram da identidade do líder do Hamas após o assassinato.

O líder do Hamas é apontado como "arquiteto" do ataque terrorista de 7 outubro. Segundo o canal Al Jazeera, ele era considerado "inimigo número 1" de Israel desde então.

Fotos do corpo do líder do Hamas foram compartilhadas por ministro de estado. Em publicação nas redes sociais, Eli Cohen afirmou que Yahya "assinou a certidão de óbito em 7 de outubro".

Yahya Sinwar foi morto após soldado notar atitude suspeita

Sinwar foi morto na quarta-feira (16). Mas a sua identidade só foi confirmada hoje. Um soldado do Batalhão da Brigada Bislamach notou uma figura suspeita entrando e saindo de um prédio no bairro de Tel Sultan, em Rafah, segundo o jornal The Times of Israel.

O soldado informou ao comandante do batalhão, que ordenou que as forças abrissem fogo contra o prédio. Um drone captou três homens saindo do prédio, tentando se deslocar de casa em casa. Dois avançaram na frente, abrindo caminho para o terceiro.

Soldados atiraram contra o trio. Dois fugiram para um prédio e um terceiro - que seria Sinwar - foi sozinho para um outro edifício. Segundo o jornal, tanques das Forças de Defesa de Israel abriram fogo contra os dois prédios. O Times of Israel relatou ainda que Sinwar lançou duas granadas contra os soldados, que se retiraram e enviaram um drone para revistar o prédio. Foi quando encontraram um homem com o braço ferido e o rosto coberto. Na ocasião, eles ainda não sabiam que se tratava do líder do Hamas. Momentos depois, ele foi morto.

Israel usou DNA coletado em 2008 em cirurgia no cérebro de líder do Hamas

Yahya al-Sinwar tornou-se principal nome do Hamas após morte de Ismail Haniyeh Imagem: Mohammed ABED / 14.abr.2024-AFP

A morte de Yahya Sinwar foi confirmada depois que os israelenses realizaram um teste de DNA com o corpo do palestino. Mas, para fazer a prova, o governo de Benjamin Netanyahu contou com um fato inusitado: os dados do militante estavam guardados num hospital do país que realizou uma cirurgia no cérebro de Sinwar, em 2008.

Ele passou 22 anos na prisão israelense. Sinwar foi preso em 1988 e condenado a quatro prisões perpétuas pela morte de dois soldados israelenses e quatro informantes palestinos.

Ele foi libertado em 2011. Apesar de ter sido condenado várias vezes à prisão perpétua, foi libertado em 2011 junto com mil outros detidos por um acordo com Israel em troca da libertação de Gilad Shalit, um soldado israelense feito refém pelo Hamas durante cinco anos.

O corpo de Yahya Sinwar foi transferido nesta quinta-feira (17) para um necrotério em Tel Aviv. Segundo o governo, o corpo deve passar por "exames complementares" no Centro Nacional de Medicina Forense de Tel Aviv.

Morte não é o fim de guerra. O premiê israelense, Benjamin Netanytahu, considerou a morte do líder do Hamas como um "passo importante" no declínio do Hamas, mas alertou que isso não significa o fim da guerra na Faixa de Gaza. O premiê também prometeu aos sequestradores que "serão poupados" se os reféns israelenses forem libertados.

Quem era Yahya Sinwar

Yahya Sinwar durante um comício em apoio à mesquita al-Aqsa de Jerusalém na cidade de Gaza em 1º de outubro de 2022 Imagem: MAHMUD HAMS/AFP

O líder do Hamas tinha 62 anos e nasceu em Khan Younis, uma cidade palestina situada no sul da Faixa de Gaza. Ele se uniu ao grupo extremista em 1987, pouco após a fundação do Hamas.

Pais dele foram alocados para campo de refugiados após criação de Israel. Eles eram moradores de Majdal Askalan, que tornou-se Ashkelon em 1948.

Em 1988, fundou o Majd, o serviço de segurança interna do Hamas. Um ano depois, foi preso e se tornou líder dos prisioneiros. Sinwar viu Israel eliminar seus mentores, como Ahmed Yassin e Salah Shehade, fundador das brigadas Ezzedin Al Qasam, o braço armado do Hamas. Seu nome estava na lista americana de "terroristas internacionais" e ele foi alvo de múltiplas tentativas de assassinato.

Condenado a 426 anos de prisão. Sinwar foi preso diversas vezes pelas Forças de Defesa de Israel por envolvimento na captura e no assassinato de soldados israelenses e de palestinos suspeitos de espionagem para o país vizinho.

Ele foi solto em um acordo de troca de prisioneiros em 2011. Durante seus 23 anos preso, ele aprendeu hebraico e se aprofundou em assuntos de política interna do país.

Ao deixar a prisão, ele rapidamente subiu na hierarquia do Hamas. Sua visão era de que Israel não era um inimigo político. Mas uma potência ocupante.

Sinwar assumiu a liderança do grupo em 2017 no lugar de Ismail Haniyeh, morto em Teerã. O antigo líder do grupo extremista foi assassinado no fim de julho, quando cumpria agenda no Irã.

Sua morte representa um abalo importante para o Hamas e um ponto crítico para o conflito no Oriente Médio. O anúncio acontece em meio ao aumento da tensão na região.

Tensão no Oriente Médio aumenta

Israel bombardeia desde 23 de setembro as posições do Hezbollah no Líbano. O grupo xiita abriu uma frente de ataque após 7 de outubro em apoio ao Hamas. Após enfraquecer o Hamas em Gaza, o exército israelense deslocou a maior parte de sua operação militar para a frente libanesa.

Em quase um mês, ao menos 1.373 pessoas morreram no Líbano, segundo uma contagem baseada em dados oficiais. A ONU afirma que há cerca de 700 mil deslocados.

Mais de 40 mil mortos em Gaza. Pelo menos 42.438 pessoas morreram, a maioria civis, na ofensiva israelense em Gaza após o ataque de 7 de outubro de 2023, segundo os dados do Ministério da Saúde do território, considerados confiáveis pela ONU.

Com AFP

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