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Espiões de Putin tramam caos global com fogo, sabotagem e mortes, diz MI5

Presidente russo, Vladimir Putin, em reunião com os chefes dos principais veículos de comunicação dos países membros do BRICS na região de Moscou em 18 de outubro de 2024 Imagem: VYACHESLAV PROKOFYEV/AFP

Colaboração para o UOL

23/10/2024 05h30

A Rússia tem orquestrado ataques de desinformação, incêndios, assassinatos, entre outras estratégias, para desarticular opositores e conquistar vantagens políticas e militares a partir do seu "caos global", alertaram membros de alto escalão de governos e da inteligência internacional à revista The Economist.

As denúncias contra a Rússia

Casos de sabotagens já são crescentes no Reino Unido. "Vimos incêndio criminoso, sabotagem e mais: ações perigosas conduzidas com crescente descaso", alertou Ken McCallum, chefe do MI5, a agência de segurança doméstica e contrainteligência do Reino Unido. "O GRU [agência de inteligência militar russa] em particular está em uma missão contínua para gerar caos nas ruas britânicas e europeias", denunciou em 8 de outubro. Sir Richard Moore, chefe do MI6, a agência de inteligência estrangeira do Reino Unido, vê as estratégias do gigante europeu atingindo novos patamares. "Os serviços de inteligência russos ficaram um pouco selvagens, francamente."

Avião quase foi derrubado na Alemanha. Bruno Kahl, chefe de espionagem da Alemanha, admitiu em 14 de outubro que as medidas secretas da Rússia atingiram um "nível nunca visto antes". Thomas Haldenwang, chefe dos serviços de inteligência domésticos da Alemanha, teria informado a parlamentares que um ato de sabotagem russo quase causou a queda de um avião no início deste ano, segundo a The Economist. Haldenwang ainda teria alertado que o "comportamento agressivo" de espiões russos estava colocando vidas em risco neste momento.

Noruega também está preocupada com a mudança do cenário após a guerra com a Ucrânia. "Vemos atos de sabotagem acontecendo na Europa agora", disse o vice-almirante Nils Andreas Stensones, chefe do Serviço de Inteligência Norueguês, em setembro. Desde o início do conflito, em 2022, a violência não está mais contida — e os casos de sabotagens crescem em diversos países do continente. A Noruega, em particular, é membro da OTAN e possui 195,7 km de fronteiras com a Rússia, o que a coloca em uma delicada posição.

Serviços de segurança da Polônia relatam ataques de hackers vizinhos. Russos tentam paralisar o país na esfera política, militar e econômica, segundo as autoridades locais.

Espiões do Kremlin expulsaram ocidentais de estados africanos. Mercenários ligados ao GRU também foram usados para suplantar a influência francesa e americana após golpes em Burkina Faso, Mali e Níger. A reportagem da The Economist ainda apurou que a Rússia quer desorientar o restante do mundo para maximizar a sua influência.

Rússia planeja colocar uma arma nuclear na órbita do planeta para criar uma atmosfera de medo e controle.

Casos de sabotagens já ligadas à inteligência russa

Alemanha prendeu dois cidadãos germano-russos em abril. Eles são suspeitos de planejarem ataques a instalações militares americanas, entre outros alvos, para o GRU.

Polônia prendeu "dedo-duro" do GRU por envolvimento no conflito da Ucrânia também em abril. O homem se preparava para passar informações aos russos sobre o aeroporto de Rzeszow, um centro de armas para a Ucrânia.

Reino Unido acusa homens por envolvimento em incêndio a uma empresa de logística ucraniana em Londres. Eles teriam atuado no ataque junto ao Grupo Wagner, mercenários russos agora sob o controle do GRU.

França prendeu um russo-ucraniano ferido na tentativa de fazer uma bomba em seu quarto de hotel em Paris. Caso aconteceu em junho.

Em julho, foi descoberto plano russo para matar Armin Papperger. Ele é chefe da Rheinmetall, a maior empresa de armas da Alemanha.

Tráfego aéreo no aeroporto de Arlanda, em Estocolmo, foi fechado mais de duas horas em 9 de setembro após drones serem avistados sobre as pistas. O porta-voz da polícia sueca informou à revista americana que acredita que o ataque tenha sido deliberado.

Autoridades dos EUA já alertam que embarcações russas fazem reconhecimentos de cabos submarinos.

Caos e desinformação

Países bálticos já realizaram diversas prisões por "provocações". Atos que buscam causar desordem pública seriam patrocinados pela Rússia.

Caixões cobertos com a bandeira da França e com a mensagem "soldados franceses na Ucrânia" foram deixados na Torre Eiffel em Paris, em junho. Segundo a inteligência francesa, a Rússia foi a responsável e seu intuito era gerar oposição pública à ajuda francesa para a Ucrânia.

Em novembro de 2023, 250 estrelas de Davi foram grafitadas em muros de Paris. Este seria um esforço russo para alimentar o antissemitismo, que aumento desde o conflito entre Israel e Hamas. Os franceses acreditam que, neste caso, a Rússia se beneficia com o aumento das divisões sociais entre as populações, mas o país também mantém uma relação estreita com o Irã, que financia o Hamas e também vende artefatos militares aos russos utilizados nos ataques à Ucrânia.

Hackers ligados ao GRU manipularam sistema de controle de distribuição de água nos EUA e na Polônia. Ação em abril é apenas uma de uma série de ataques virtuais.

Ataques cibernéticos também tem relações com assassinatos. Em setembro, EUA, Reino Unido e Ucrânia, junto a outros países, publicaram detaques de ataques realizados pela unidade 29155 do GRU, um grupo que era conhecido por realizar assassinatos na Europa. Eles já tinham tentado envenenar Sergei Skripal, um ex-oficial de inteligência russo. Ações virtuais acontecem, pelo menos, desde 2020.

Hackers ainda realizam campanhas contra reputação de indivíduos-chave, espionagem, roubo e vazamento de informações. A "sabotagem sistemática" ainda envolve destruição de dados sensíveis, segundo o relatório dos países aliados.

Espiões do GRU ainda estiveram no Iêmen oferecendo suporte aos Houthis. O grupo rebelde atacou navios no Mar Vermelho em solidariedade aos palestinos após o início do conflito entre Israel e Hamas em outubro de 2023. Rússia ainda forneceu armas ao grupo em julho, segundo a CNN, para fazer oposição aos EUA, que oferecem mísseis de longo alcance para a Ucrânia. A colaboração entre russos e Houthis foi interrompida após oposição da Arábia Saudita.

Rússia é "ameaça estrangeira mais ativa às eleições" nos EUA. A frase é de Avril Haines, diretora de inteligência nacional americana. "Moscou provavelmente vê essas operações como um meio de derrubar os Estados Unidos enquanto seu principal adversário percebido, permitindo que a Rússia se promova como uma grande potência", declarou em maio.

Agências de inteligência americanas relataram em julho que haviam identificado ações russas que miravam em grupos demográficos específicos de eleitores americanos. O intuito era promover narrativas divisivas e difamar políticos específicos.

Em setembro, o Departamento de Justiça dos EUA acusou dois funcionários da RT, meio de comunicação controlado pelo Kremlin, de realizar um pagamento de US$ 10 milhões a uma empresa de mídia não identificada no Tennessee. A RT é conhecida por promover teorias da conspiração. Já a sua parceira americana foi apontada pela revista como a Tenet Media, que postou quase dois mil vídeos no TikTok, Instagram, X e Youtube, mas cujos comentaristas negam irregularidades. Foram apreendidos ainda 32 domínios de internet controlados pelo Kremlin, criados para imitar sites de notícias legítimos.

Russos já utiliza ChatGPT para reescrever notícias. Eles utilizam a rede de sites CopyCop em modificam artigos para adotar tons conservadores, ou criticar a política interna e externa dos EUA e outros membros da OTAN. Estratégia já foi empregada para criticar o governo Macron na França, que colabora com a Ucrânia.

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