Putin apoia Trump ou Kamala? Entenda posição da Rússia sobre os EUA

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou apoio à democrata Kamala Harris na disputa pela Presidência dos EUA. Mas a fala teria sido feita de forma irônica para rebater uma acusação de interferência nas eleições norte-americanas.

O que aconteceu

A declaração ocorreu um dia após Departamento de Justiça dos EUA acusar dois executivos da mídia russa de tentar influenciar a eleição deste ano. Putin disse que, como Joe Biden recomendou que seus partidários apoiassem Kamala, "nós faremos o mesmo, nós a apoiaremos".

As agências de inteligência dos EUA acreditam que Moscou, na verdade, quer que Donald Trump vença. O republicano estaria menos comprometido em apoiar a Ucrânia na guerra contra a Rússia.

Vladimir Putin e Donald Trump em junho de 2019
Vladimir Putin e Donald Trump em junho de 2019 Imagem: Mikhail Svetlov/Getty Images

Para o Departamento de Justiça dos EUA, dois funcionários da emissora estatal RT lavaram dinheiro. O objetivo seria contratar uma empresa dos EUA para produzir conteúdo online para influenciar a eleição deste ano.

Durante o comentário, o presidente russo ainda falou da risada de Kamala. "Ela ri de forma tão expressiva e contagiante que isso significa que está tudo bem com ela", destacou Putin.

Ele acrescentou que talvez isso significasse que ela se absteria de novas sanções contra a Rússia. Por outro lado, Putin disse que Trump, como presidente, havia introduzido mais sanções contra a Rússia do que qualquer outra pessoa na Casa Branca antes dele.

Vice-presidente Kamala Harris
Vice-presidente Kamala Harris Imagem: Nathan Howard/REUTERS

Após a fala, a Casa Branca exigiu que Putin "pare de interferir" nas eleições. "Os únicos que devem decidir quem será o próximo presidente dos Estados Unidos são os americanos, e gostaríamos muito que o Sr. Putin, a) parasse de falar sobre as nossas eleições, e b) parasse de interferir nelas", declarou o porta-voz do Conselho de Segurança da Casa Branca, John Kirby.

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Interferências em 2016 e 2020

Os serviços de inteligência dos EUA determinaram que a Rússia realizou uma campanha de desinformação contra Hillary Clinton. O objetivo seria impulsionar a campanha de Trump contra na eleição de 2016 e prejudicar a democrata.

O Kremlin tem negado repetidamente que interferiu nas eleições dos EUA. Porém, o falecido empresário russo Yevgeny Prigozhin, que fundou o grupo mercenário Wagner e foi acusado pelos EUA de administrar as "fazendas de trolls" russas, comentou sobre o caso em 2022: "Nós interferimos, estamos interferindo e continuaremos a interferir."

Hillary Clinton fez críticas a Donald Trump em discurso na convenção democrata
Hillary Clinton fez críticas a Donald Trump em discurso na convenção democrata Imagem: Mandel Ngan / AFP

Outro relatório das agências americanas afirma que a Rússia tentou interferir no pleito de 2020 em favor de Trump. O republicano tentava a reeleição, mas acabou sendo derrotado por Joe Biden.

A imprensa norte-americana também cita a relação de Vladimir Putin com a série da Netflix "House of Cards", baseada na política dos EUA. O presidente russo poderia apenas tentar causar o caos na eleição, já que avalia a defesa dos norte-americanos pela democracia como hipocrisia. "Esse é o seu livro didático de política americana", disse o jornalista russo Mikhail Zygar, autor de "Todos os Homens do Kremlin".

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*com informações da AFP, DW e Reuters

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