Síria diz que foi bombardeada por Israel e que defesa interceptou mísseis
Do UOL*, em São Paulo, e colunista do UOL, em Nova York
25/10/2024 22h03Atualizada em 25/10/2024 22h59
Após explosões serem registradas no Irã, a Síria afirmou que foi bombardeada por Israel na madrugada de sábado (26, no horário local; noite de sexta-feira, no horário de Brasília). A informação foi divulgada pela Sana, a agência de notícias estatal síria.
O que aconteceu
Síria diz que meios de defesa aérea do país interceptaram mísseis israelenses por volta das 2 horas (horário local). Algumas instalações militares nas regiões sul e central do território seriam os alvos, conforme a Síria. O anúncio ocorreu ao mesmo tempo em que o Exército israelense havia anunciado ataques de precisão contra alvos militares do Irã, aliado da Síria.
Fonte militar informou que os mísseis foram lançados na "direção das Colinas de Golã sírias ocupadas por Israel e dos territórios libaneses". Ainda segundo a fonte, a Síria respondeu aos mísseis da agressão e "abateram vários deles".
A Síria ainda realiza trabalhos para verificar os danos causados pelo ataque.
Israel ainda não se pronunciou sobre os bombardeios contra o território sírio.
Explosões próximas a Teerã
Explosões foram registradas próximo da capital do Irã, e em outras cidades do país na madrugada entre sexta-feira e sábado (horário local). Os ataques foram conduzidos por Israel como parte da resposta do governo de Benjamin Netanyahu à ofensiva militar que Israel sofreu do regime iraniano.
Com a operação, Israel hoje está envolvido em três frentes simultâneas: contra o Hamas em Gaza, contra o Hezbollah no Líbano, e no Irã. O Irã e o Iraque fecharam o espaço aéreo de ambos os países após o ataque israelense ao território iraniano. As autoridades locais não forneceram mais detalhes sobre a medida.
Os ataques ainda ocorrem momentos após o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, ter pousado nos EUA, depois de uma turnê pelo Oriente Médio. Na viagem, ele pediu que Israel evitasse uma resposta que representasse uma escala da crise, às vésperas da eleição presidencial norte-americana que ocorrerá no início de novembro.
Tel Aviv admitiu que está conduzindo "ataques precisos contra alvos militares iranianos" e que nenhuma instalação relacionada com a indústria do petróleo foi atingida. Mas o temor é de que o novo capítulo da crise na região conduza os governos a um confronto de grande escala.
A escolha dos alvos, segundo Israel, foi feita com base numa avaliação do que seria considerada como uma "ameaça". O processo também envolveu consultas com os EUA e até mesmo uma conversa entre o primeiro-ministro israelense e o presidente norte-americano Joe Biden.
Guerra de narrativas
O Irã chegou a fechar seu espaço aéreo durante os ataques e, de acordo com a agência oficial irianiana Fars, "múltiplas bases militares no Oeste e Sudeste" de Teerã foram atacadas. Mas outra agência de notícias oficial do Irã, Irna, citou uma fonte de segurança dizendo que alguns dos sons ouvidos na capital foram causados por "atividades de defesa em Teerã, e a defesa aérea foi bem-sucedida durante este incidente".
Imediatamente após o anúncio dos ataques, a guerra de narrativas foi estabelecida, com sites iranianos insistindo que os ataques foram inofensivos. Já a agência semi-oficial do Irã, a Tasnim, afirmou que a situação seria "normal" em Teerã.
O governo israelense avisou às autoridades na Casa Branca, momentos antes da ofensiva, que os ataques seriam realizados, mas deixou claro que toda a operação é realizada a partir de uma cooperação e troca de informações com os americanos. Instantes depois, o governo de Joe Biden fez questão de anunciar que os Estados Unidos não estavam participando das operações militares contra o Irã.
"Entendemos que Israel está realizando ataques direcionados contra alvos militares no Irã como um exercício de autodefesa e em resposta ao ataque de mísseis balísticos do Irã contra Israel em 1º de outubro", disse Sean Savett, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
Os americanos tinham recebido um alerta por parte do Irã de que qualquer envolvimento de Washington daria às autoridades em Teerã o direito de atacar bases dos EUA pela região.
Israel diz que tem direito de se defender
De acordo com as IDF (Forças de Defesa de Israel), os ataques são uma resposta ao Irã, que vem "atacando implacavelmente" Israel desde 7 de outubro "em sete frentes — incluindo ataques diretos do solo iraniano". "Como qualquer outro país soberano do mundo, o Estado de Israel tem o direito e o dever de responder", acrescentou a declaração.
Israel ainda afirmou que suas "capacidades defensivas e ofensivas estão totalmente mobilizadas".
Na quarta-feira, o ministro da defesa israelense, Yoav Gallant, disse que os ataques aéreos planejados contra o Irã fariam o mundo entender o poderio militar de Israel. O Oriente Médio, de fato, se preparava para essa retaliação, com governos da região e de outras partes do mundo tentando decifrar de que maneira Netanyahu daria sua resposta.
(Com AFP e Reuters)