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EUA: Acusações do comitê da ONU sobre genocídio em Gaza são 'infundadas'

Khan Younis, no sul de Gaza, foi atacado por forças israelenses Imagem: BASHAR TALEB / AFP

Do UOL*, em São Paulo

14/11/2024 17h59Atualizada em 14/11/2024 18h15

Os Estados Unidos afirmaram nesta quinta-feira (14) que discordam da conclusão de um comitê da ONU de que os métodos de guerra de Israel seriam consistentes com genocídio.

O que aconteceu

"Discordamos de forma inequívoca." A declaração é do porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (14). "Acreditamos que esse tipo de linguagem e essas acusações são, certamente, infundadas",

Patel criticou organizações de ajuda por relatórios sobre a situação humanitária em Gaza. Para o porta-voz, os conteúdos não são baseados em fatos.

Ele também disse ser impreciso um balanço de organizações de direitos humanos que aponta que Israel não permitiu que ajuda humanitária chegasse ao norte de Gaza. Segundo o The Times of Israel, nos últimos dias, Israel liberou a chegada de ajuda ao norte de Gaza. A liberação, no entanto, ocorreu após quase um mês de isolamento de diferentes áreas do território.

Porta-voz disse ainda que o Exército israelense, nos próximos dias, reduzirá a lista de itens com entrada proibida em Gaza. A medida ocorre após os Estados Unidos enviarem uma carta a Israel em outubro, com o prazo de 30 dias, solicitando o aumento do volume da assistência humanitária que entra no território palestino, cumprindo a lei americana no que se refere à autorização de ajuda.

Na terça-feira (12), o governo Biden anunciou que Israel tomou medidas suficientes. O país entendeu que Israel não viola a lei americana em relação ao volume de ajuda que chega à Gaza, mas ponderou que seguirá acompanhando a situação para garantir que essas medidas se mantenham em Gaza.

Comitê falou em 'características de genocídio'

A declaração do porta-voz foi uma reação a afirmação do comitê especial das Nações Unidas encarregado de investigar as práticas israelenses. Nesta quinta-feira (14), o grupo apontou que os métodos de guerra usados por Israel na Faixa de Gaza têm "as características de um genocídio".

O comitê destaca as "perdas massivas de civis e as condições impostas aos palestinos, que colocam intencionalmente as suas vidas em perigo", em um relatório que engloba o período entre o ataque do Hamas em 7 de outubro até julho deste ano.

O documento será apresentado na segunda-feira (18) na Assembleia Geral da ONU, em Nova York. "Com o cerco a Gaza, a obstrução da ajuda humanitária, os ataques seletivos e a morte de civis e trabalhadores humanitários, apesar dos apelos reiterados da ONU e evitando as ordens da Corte Internacional de Justiça e as resoluções do Conselho de Segurança (das Nações Unidas), Israel está intencionalmente causando morte, fome e ferimentos graves" à população de Gaza, afirma o relatório.

O comitê acusa Israel de "utilizar a fome como método de guerra" e de "infligir uma punição coletiva à população palestina". Um relatório apoiado pela ONU e divulgado no fim de semana passado alerta que o norte de Gaza está ameaçado por um cenário de fome iminente.

Em fevereiro deste ano, as forças israelenses utilizaram mais de 25.000 toneladas de explosivos em toda a Faixa de Gaza, "o equivalente a duas bombas nucleares", indica o relatório, que parece aludir ao impacto da bomba lançada pelos Estados Unidos em Hiroshima durante a Segunda Guerra Mundial. "Israel criou uma combinação letal de crises que provocará um dano grave às gerações futuras" no território palestino, afirma o comitê.

Mais de 1 mil mortos

A guerra em Gaza começou em 7 de outubro de 2023, quando milicianos islamitas mataram 1.206 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel e sequestraram 251, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.

Dos 251 capturados, quase 100 permanecem em cativeiro no território palestino. O Exército declarou 34 mortos.

A campanha militar israelense de retaliação deixou mais de 43.700 mortos em Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

(Com AFP)

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