Vice das Filipinas ameaça presidente de morte e vira alvo de impeachment
Do UOL*, em São Paulo
02/12/2024 18h39
A vice-presidente das Filipinas, Sara Duterte, virou alvo de um pedido de impeachment nesta segunda-feira (2) após ameaçar o presidente, Ferdinand Marcos Jr., de morte.
O que aconteceu
Pedido de impeachment foi protocolado por ativistas da sociedade civil. O documento, protocolado na Câmara dos Representantes do país, acusa a vice-presidente de 24 crimes, como violar a Constituição, suborno, trair a confiança pública e outros "crimes graves", como a ameaça de morte feita contra Ferdinand, sua esposa e o presidente da Câmara local, segundo a Associated Press.
Acusação também aponta que a mulher teria acumulação de patrimônio ilícita. Além disso, Duterte é acusada de permitir mortes extrajudiciais de suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas e corrupção. Ela é filha de Rodrigo Duterte, ex-presidente do país.
Solicitação de impeachment será analisada pelo Congresso. O processo pode demorar meses para ser concluído em razão do recesso de fim de ano local, iniciado em 20 de dezembro até 12 de janeiro. A Casa é liderada por aliados do Ferdinand e do próprio presidente da Câmara, Martin Romualdez, que é primo do atual mandatário e também tem conflitos com Duterte.
Câmara filipina investiga Duterte um suposto uso indevido de US$ 10,3 milhões (cerca de R$ 62,4 milhões). Os valores seriam de fundos confidenciais e de inteligência enviados aos gabinetes da vice-presidente e também quando Duterte era secretária da educação. Ela nega envolvimento no caso.
Duterte e Ferdinand já foram parceiros políticos. A dupla ganhou um mandato esmagador para liderar os dois principais cargos do país em 2022. A aliança ruiu este ano por diferenças políticas.
Vice disse ter contratado um assassino de aluguel
Os alvos do assassino seriam o presidente, sua esposa e o presidente da Câmara. Em entrevista coletiva em 23 de novembro, Duterte disse que os assassinatos ocorreriam se ela fosse morta, ressaltando que a afirmação não era uma piada.
Depois da repercussão, a vice-presidente acrescentou dizendo que a fala não era uma ameaça. Ela falou que a declaração foi uma expressão de como estava preocupada com a própria segurança.
As declarações de Duterte ocorreram após uma ordem dos parlamentares para transferir seu chefe de gabinete para uma prisão por supostamente impedir a investigação sobre o suposto uso indevido de fundos públicos pela vice-presidente.
Ameaças de Duterte estão agora sob investigação e podem levar a acusações. Segundo o Gabinete de Comunicações Presidenciais, citando o Ministério da Justiça, se "as evidências justificarem, isso poderá levar a um eventual processo".
O conselheiro de Segurança Nacional disse que o governo considera todas as ameaças ao presidente como "sérias". Eduardo Ano prometeu trabalhar em estreita colaboração com as autoridades policiais e as comunidades de inteligência para investigar a ameaça e os possíveis perpetradores.
(Com Reuters)