Em 2 dias, 130 morrem em bombardeios contra Gaza; Israel pede reféns


Do UOL, em São Paulo*
22/03/2025 17h05
Pelo menos 130 palestinos foram mortos e 263 ficaram feridos nas últimas 48 horas da ofensiva de Israel em Gaza. Enquanto Israel exige que o Hamas liberte reféns, lideranças da resistência palestina divergem sobre os próximos passos no território.
O que aconteceu
A retomada dos bombardeios em Gaza pressiona o Hamas a libertar reféns israelenses. Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, prometeu "atuar contra o Hamas com força militar crescente" enquanto os reféns permanecerem em Gaza.
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Acordo sobre a administração de Gaza pode estar comprometido. Mounther al-Hayek, porta-voz do partido Fatah em Gaza —organização política e militar palestina fundada em 1959—, pediu que o Hamas renuncie ao poder para preservar "a existência dos palestinos" no território. O pedido ocorre em meio à intensificação das operações militares israelenses, que ameaçam expulsar a população local.
Al-Hayek alega proximidade do fim dos palestinos em Gaza. O porta-voz repetiu o que alguns moradores de Gaza já ousam dizer abertamente, exaustos pelo sofrimento e destruição da guerra. Hayek pediu ao grupo islamista que deixe "o cenário do governo e perceba plenamente que a batalha que se aproxima [se decidir permanecer no poder] levará ao fim da existência dos palestinos" em Gaza.
O Hamas deve mostrar compaixão por Gaza, suas crianças, suas mulheres e seus homens. Alertamos para dias difíceis, duros e entediantes que virão para o povo da Faixa de Gaza. Mounther al-Hayek porta-voz do partido do presidente palestino Mahmoud Abbas
Crescente ofensiva de Israel contra o Hamas
O conflito começou após o ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023. Uma trégua foi estabelecida em 19 de janeiro, mas Israel rompeu o acordo na terça-feira ao retomar os bombardeios a Gaza, para onde suas tropas também retornaram.
Ministros israelenses exigem o desarmamento do Hamas. Enquanto isso, o grupo islamista continua a demandar a implementação da trégua. No entanto, Israel, com o apoio dos Estados Unidos, endureceu suas exigências e ameaçou anexar partes de Gaza caso o Hamas não liberte os reféns ainda mantidos no território.
Exército israelense nomeou equipe para analisar ataque de 7 de outubro. O chefe do Estado-Maior do Exército israelense nomeou uma equipe de oficiais seniores da reserva para analisar e tirar conclusões das investigações sobre os ataques liderados pelo Hamas em Israel em 7 de outubro de 2023, informou o Exército israelense hoje.
O que diz o Hamas? Neste sábado o grupo acusou os Estados Unidos de distorcer a realidade, alegando que o movimento islamista "escolheu a guerra" ao se recusar a libertar os reféns. O grupo acusa Netanyahu dizendo que o primeiro-ministro de Israel "rejeitou essas iniciativas [de libertação de reféns] e as sabotou deliberadamente para servir aos seus próprios interesses políticos", criticou.
Hamas e Fatah discordam
A conciliação entre os grupos rivais palestinos tem se mostrado difícil. O movimento islamista palestino tomou o poder em Gaza em 2007, quando derrubou o governo da Autoridade Palestina, dominado pelo Fatah.
Apesar das divergências históricas, Hamas e Fatah selaram um acordo em dezembro para administrar Gaza conjuntamente após a guerra. Na ocasião, a proposta era unir esforços para a reconstrução e a prestação de serviços essenciais no enclave devastado pelo conflito com Israel. Foi acordada a criação de um comitê conjunto para a administração do território.
*Com informações de Reuters e AFP