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Aos 87 anos, pioneira da defesa do casamento gay nos EUA se casa pela 2ª vez

Edie Windson (esq.) e sua parceira Judith Kasen - Keryn Lowry via The New York Times
Edie Windson (esq.) e sua parceira Judith Kasen Imagem: Keryn Lowry via The New York Times

Jacob Bernstein

Em Nova York

07/10/2016 06h00

Edie Windsor, a ativista veterana da causa LGBT que se destacou como a figura provavelmente mais famosa no movimento pelo casamento igualitário, se casou novamente.

No dia 26 de setembro, ela e sua nova companheira, Judith Kasen, vice-presidente da Wells Fargo Advisors, se casaram na prefeitura. O escrivão foi Michael McSweeney e o celebrante, Ángel López.

Foi uma cerimônia discreta. As noivas chegaram em um carro preto do Uber com somente uma testemunha, Danielle Reda, melhor amiga de Kasen. Windsor e Kasen estavam usando ternos pretos e apareceram na sala do escrivão um pouco mais tarde que o marcado porque Reda havia se esquecido de levar sua identidade e teve de correr de volta para o Upper East Side, onde Kasen tem um apartamento, para buscá-la.

Para Windsor, o casamento com Kasen é uma história sobre alguém que encontrou o amor fortuitamente na viuvez.

Em 2007, Windsor (então com 77 anos) e sua primeira mulher, Thea Spyer (então com 75), foram para Toronto, onde o casamento gay era legal, e se casaram. Na época, Spyer estava doente com esclerose múltipla.

Ela morreu dois anos depois, e Windsor, a única herdeira dos bens de Spyer, recebeu uma conta de US$ 363 mil (cerca de R$ 1,18 milhão) em impostos para pagar. Windsor não teria de ter pago esses impostos se ela fosse casada com um homem. A Receita rejeitou sua alegação de que ela tinha direito a uma isenção, e Windsor entrou com um processo por um reembolso junto com sua advogada, Roberta Kaplan.

O caso chegou até o Supremo Tribunal dos EUA, que em 2013 emitiu uma decisão de 5 votos contra 4 declarando inconstitucional o Parágrafo 3 da Defesa da Lei sobre o Casamento. Isso ajudou a criar um precedente para sua decisão em 2015 de que tornava o casamento igualitário a lei comum do território.

Mas, apesar da vitória, não havia ninguém no horizonte para Windsor. "Eu não sentia que ninguém queria nada de mim além de fotos", ela diz.

Mas ela estava errada.

Em vários eventos sobre direitos gay, incluindo alguns para o Centro Comunitário para Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros no West Village, Kasen ia até Windsor e tentava um flerte.

"Nós duas somos ativistas", disse Kasen em uma entrevista por telefone na semana passada. "Eu estava realmente envolvida na comunidade e a via em cada jantar do centro e no chá dançante dos Hamptons. Eu a via em todo lugar."

Nunca dava em nada. Só que Kasen, hoje com 51 anos, persistiu, e em novembro de 2015 Windsor, hoje com 87 anos, concordou que Kasen a acompanhasse até sua casa na saída de um evento beneficente.

Uma semana depois, elas tiveram seu primeiro encontro, na festa de hannukkah de Kaplan. Ali elas se encontraram com a comediante Judy Gold e sua noiva, Elysa Halpern. As quatro mulheres foram jantar no French Roast na Avenida das Américas, e dali nasceu um romance.

Hoje Kasen vive a maior parte do tempo no apartamento de Windsor em Greenwich Village. O casal passou muito tempo junto em Southampton e em fevereiro vão fazer um cruzeiro do Olivia, no qual Windsor deverá dar uma palestra.

Windsor disse que as duas estão considerando se mudar por quatro anos para Barcelona, na Espanha, em 2017, caso Donald Trump seja eleito presidente. Não pareceu que ela estivesse brincando.

Embora Windsor tenha soado briguenta discutindo isso, ela está se sentindo bastante grata ultimamente. "Eu estava vazia e então essa mulher entrou na minha vida" ela disse. "Não achei que fosse acontecer de novo, e aconteceu. Ela aconteceu."