Marina diz que solução de Bolsonaro para queimadas na Amazônia é "inócua"
Stella Borges
Do UOL, em São Paulo
24/08/2019 11h02
A ex-ministra do Meio Ambiente e candidata presidencial Marina Silva (Rede) classificou como "inócua" a decisão do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de usar os militares para tentar conter as queimadas e desmatamentos.
Ao comentar o tom do discurso do presidente em rede nacional, Marina disse que a pressão da sociedade fez Bolsonaro "engolir suas grosserias e ataques contra os que historicamente defendem o meio ambiente", citando as ONGs. Em declarações durante a semana, o presidente, sem apresentar provas, disse que as organizações poderiam estar por trás das queimadas por terem perdido recursos e estarem querendo atingi-lo.
"Teve que declarar o compromisso de proteger as florestas e chegou até a falar em biodiversidade. Usou um tom brando em relação aos demais países e parou de culpar quem tenta ajudar e construir políticas públicas em defesa do patrimônio brasileiro, como as ONGs. Mas anunciou uma solução inócua: usar os militares para tentar conter um problema da dimensão das queimadas e desmatamentos", escreveu Marina nas redes sociais.
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Marina disse ainda ser "constrangedor" que o governo só tenha admitido o problema após as críticas internacionais. As queimadas na região amazônica têm repercutido internacionalmente e geraram reação de líderes internacionais -- o assunto deve ser discutido em reunião do G7, grupo formado por líderes dos EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Canadá e Japão, que acontece neste fim de semana.
"Ignoraram todos os avisos do INPE e da comunidade científica, sendo que a tecnologia para controlar os desmatamentos e as queimadas é dominada pelo Brasil há décadas. E não é feita com soldados e armas. Não é feita com pirotecnia. Não é feita com saliva, mas com políticas públicas duradouras e com instituições ambientais fortalecidas e valorizadas", destacou.
A ex-ministra do governo Lula listou 12 série de medidas que, segundo ela, deveriam ser tomadas para resolver o problema. Entre elas, a demissão de Ricardo Salles, que chefia a pasta do meio ambiente, a quem chamou de "incompetente".