Clima e queimadas na Amazônia reduziram geleiras dos Andes, diz estudo
Do UOL, em São Paulo
20/05/2022 16h07
Um estudo divulgado hoje apontou que nos últimos 30 anos as geleiras dos Andes tropicais, na América do Sul, diminuíram quase pela metade. O artigo, publicado na revista Remote Sensing, concluiu que os responsáveis por essa redução são as mudanças climáticas e o aumento das queimadas na Amazônia nos últimos anos.
A pesquisa contou com especialistas da iniciativa MapBiomas Amazônia, em colaboração com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a Universidade Nacional Agrária La Molina e o Instituto de Pesquisas em Glaciares e Ecossistemas de Montanha, sendo os dois últimos do Peru,
No período estudado (1990- 2020), os Andes perderam 42% das suas geleiras, segundo o mapeamento de satélite feito pelos pesquisadores. O papel das queimadas na Amazônia para agravar o problema se dá pelo fato da geração do chamado carbono negro que surgem quando os incêndios acontecem.
O carbono negro é uma forma de carbono produzida durante a combustão sem oxigênio de madeira.
Nos últimos 30 anos, o recuo das geleiras foi proporcionalmente maior na Bolívia, com 42,61% de perda. O Peru, que possui a maior área de geleiras dos países andinos, perdeu 41,19%.
As geleiras que estão a menos de 5 mil metros do nível do mar foram as mais afetadas e chegaram a perder 80,25% nos anos contemplados pela observação.
O estudo ressalta que, para além dos impactos ambientais e econômicos, o encolhimento das geleiras representa uma perda de bens culturais, pois as montanhas são parte fundamental das tradições das populações locais. Com isso, a pesquisa alerta para a necessidade de ações conjuntas pelos governos nacionais da região para combater a crise climática, e reduzir os impactos do degelo.