Não há privilégio mais perverso do que a prerrogativa de torrar verba pública como se fosse dinheiro grátis. No caso das emendas parlamentares, a coisa descambou para a zombaria. O Congresso engana o Supremo. O Supremo sabe que é enganado. O Congresso sabe que o Supremo sabe. Mas não há força no universo capaz de interromper o jogo de esconde-esconde. Nesta segunda-feira, o ministro da Suprema Corte Flávio Dino desbloqueou o pagamento das emendas de deputados e senadores, que estavam travadas há mais de quatro meses. No seu despacho, Dino escanracou a pantomima. Informou que as emendas custaram ao Tesouro Nacional R$ 186,3 bilhões entre 2019 e 2024. Anotou que Câmara e Senado informaram ser "impossível" recompor o trajeto de todas as emendas, identificando os autores e a destinação. |