Grafite nos arcos do Jânio rompe com muros sociais e conceitos ultrapassados
O corredor de 15 mil m² da avenida 23 de Maio foi recebido com muito carinho, inaugurado dia 1º de fevereiro deste ano com um passeio de bicicleta e a participação de grafiteiros, ciclistas e até do próprio prefeito.
A ideia de transformar os muros gigantes – que antes eram cinzas e desgastados – surgiu quando Fernando Haddad, ao passar pela avenida, notou a possibilidade de somar o poder de revitalização que arte urbana traz com o desejo de preservar nosso meio ambiente.
Foram mais de 70 murais, 400 artistas urbanos com muita vontade de fazer acontecer e uma produção empenhada em realizar um bom trabalho. O resultado é um corredor de arte alegre, colorido, repleto de diferentes estilos, propostas e universos, que chamam a atenção das milhares de pessoas que passam por ali – seja de carro, bicicleta, ônibus ou moto.
A população já tem suas obras e protagonistas preferidos, tornando esse lugar especial para a cidade e de grande valor histórico para os artistas e participantes. A grande conquista foi um gesto de consideração com a cidade, e contou ainda com uma finalização especial: a pintura dos tradicionais e quase intocáveis arcos do Jânio, um verdadeiro monumento da cidade de São Paulo que antes era cercado por grades, bastante vandalizado e muito utilizado por usuários de drogas e delinquentes.
Essa iniciativa pode ser comparada ao projeto MAAU (Museu Aberto de Arte Urbana), que transformou o bairro de Santana. Nesse projeto, as colunas do metrô foram pintadas por diversos artistas, chamando a atenção dos moradores e incentivando a necessidade de instalação de iluminação, gramado, ciclovia e mais segurança.
Acredito que a área dos arcos do Jânio terá a mesma importância de transformação na região. Essa obra já é uma referência no mundo do Graffiti e street art, pois mostra todo o talento dos artistas e a ruptura dos muros sociais e pré-conceituais ultrapassados.
Ao trazer essa cultura, esse tipo de atividade tem o poder de resgatar muitos jovens do caminho do crime, além de aumentar o parâmetro educacional.
Artistas que representam bairros, ruas e becos se juntaram para produzir murais que agora compõem a selva de concreto e ganham poesia e cor, retratadas por seus verdadeiros habitantes. Creio que este seja um grande momento para que a arte urbana mostre seu potencial de transformação e carinho pela cidade e seu povo, fortalecendo também o reconhecimento da street art.
A liberdade de expressão fica ameaçada quando o conservadorismo e oportunistas desinformados, munidos de ignorância e preconceito, tentam interpretar obras usando a imaginação – como em uma inquisição, sem respeito ao artista e seus conceitos. Apesar disso, esse gigantesco museu a céu aberto foi concluído e o momento de respeito à arte em geral se faz presente.
Que outros projetos de impacto, juntamente com artistas urbanos, possam ajudar a resgatar não só pessoas, mas também o carinho e a alma de São Paulo.
- O texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
- Para enviar seu artigo, escreva para uolopiniao@uol.com.br
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.