Wassef ameaça e difama, mas não contesta fatos de reportagens do UOL
Na semana passada, o UOL publicou um podcast de quatro episódios denominado "A vida secreta de Jair" e reportagens que ampliam e organizam o que se sabe sobre o envolvimento da família Bolsonaro em um esquema de corrupção.
Na sexta, Frederic Wassef, advogado do presidente, quebrou o silêncio. Não contestou diretamente nenhuma informação publicada nas quase quatro horas de podcast. Não apontou equívocos ou falhas no brilhante trabalho de Juliana Dal Piva e das equipes de edição do UOL. Em mensagem de WhatsApp para a colunista do UOL, preferiu chamá-la de "comunista" e "inimiga da pátria", e criticou seu "empenho" em fazer jornalismo "contra quem tenta livrar o Brasil da maldita esquerda".
No sábado e na segunda, em entrevistas ao site Poder360 e à Jovem Pan, Wassef se disse "mais uma vez vítima de fake news" —apesar de não contestar a autenticidade da mensagem que enviou. Reclamou ainda que Dal Piva teria quebrado o sigilo da fonte e deturpado o significado ao destacar em sua coluna trechos do texto —apesar de ela tê-lo publicado na íntegra. Alude a um acordo de "off" que nunca existiu (e que, ainda que houvesse, resultaria inválido diante do teor da mensagem) e duvida da capacidade de interpretação de texto do público.
Quem acompanha o noticiário sabe que credibilidade não é uma palavra que se associa facilmente a Wassef. No passado, disse não saber onde estava Queiroz quando o abrigava em um de seus escritórios; declarou que não é o "Anjo" (apelido pelo qual se referem a ele em gravações) e que jamais houve "rachadinha" nos gabinetes da família Bolsonaro, ignorando fatos, testemunhos, documentos.
Em mais uma tentativa de negar o que parece evidente, Wassef agora diz que não quis ameaçar ou intimidar Juliana Dal Piva quando escreveu "Lá na China você desapareceria e não iriam nem encontrar o seu corpo". Dezenas de políticos, jornalistas e entidades, da OAB à Anistia Internacional, criticaram o advogado e manifestaram solidariedade à jornalista, gerando o que o próprio Wassef classificou como "tsunami informativo" contra ele.
Em suas manifestações, o defensor do presidente falou apenas em "matérias direcionadas e distorcidas da verdade", mas não trouxe nenhum elemento concreto para refutar as gravações da ex-cunhada de Bolsonaro ou a revelação de que um ex-colega do presidente no Exército também operava a "rachadinha". Ou a concomitância do esquema com a enorme evolução patrimonial da família. Como não parece ter argumentos para contestar o que é produto de anos de trabalho duro e sólido de Juliana Dal Piva, Wassef primeiro tenta assustar e depois ataca a conduta ilibada da jornalista e busca desacreditá-la, acrescentando mais um episódio repugnante ao seu currículo.
De resto, um esforço inútil. Ameaças e difamações não intimidarão jornalistas do UOL nem nos desviarão de nosso compromisso com o interesse público e a prática de jornalismo crítico, plural e apartidário.
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