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Quanto custa a destruição? Quanto custa o fim?

Todos as discussões sobre conservação e preservação ambiental citam cifras, ganhos e perdas sobre os investimentos e os retornos que as iniciativas em favor do meio ambiente podem provocar. Neste momento do Brasil, em que estamos acompanhando os devastadores efeitos humanos e materiais de uma tragédia ambiental no Rio Grande do Sul, mais do que nunca é possível encarar essa questão pela perspectiva diametralmente inversa: quanto custa a destruição? Quanto custa o fim?

Sim, porque quase nunca temos a possibilidade de vivenciarmos em tempo real (e aqui lamento o ocorrido e presto minha solidariedade a todas as famílias gaúchas) uma calamidade de enormes proporções, como a que está em curso no sul do país. E essa fatalidade é ao mesmo tempo assustadora, mas deve ser também transformadora de nossa forma de pensar. O fim não tem preço. A destruição é impagável.

Nessa perspectiva extrema, a consciência ambiental e as boas práticas de conservação deixam de ser um discurso politicamente correto para ganharem clareza de uma opção pragmática, racional e lógica. Deixa de haver, portanto, uma dualidade entre a lógica "do mercado" e uma ideologia ambiental, em campos opostos. Podemos ver, nestes dias, que investir na preservação do meio ambiente é uma apólice contra a devastação e o fim. E a devastação é a destruição de toda a cadeia de valor. Portanto, a atitude mais prudencial é criar um estoque de contingência financeiro para garantir a perpetuação da humanidade.

Uso todas essas expressões de caráter econômico para desmitificar a ideia de que o meio ambiente é uma tendência política ou vertente doutrinária. Não há nada mais conservador —não apenas do ponto de vista ambiental, mas econômico também— do que preservar o mundo como ainda existe. E, se possível, melhorar a forma que está após tanta degradação.

Por tudo isso é tão importante a vinda da Conferência das Nações Unidas do Meio Ambiente, a COP 30, para Belém, a COP da Amazônia. O Brasil será por mais de dez dias o palco mundial para a discussão e a tomada de decisões sobre temas que não são do mundo das ideias, mas da vida real, com impacto cada vez mais direto nas cadeias produtivas, no valor das empresas, na estabilidade dos mercados, na criação e manutenção de valor, na preservação ou destruição de riquezas.

A COP 30 será também uma pequena janela de oportunidade para que uma cidade como Belém receba maciços investimentos e que o estado do Pará, como um todo, com toda a sua pujança, seja colocado na vitrine global e no radar de investidores nacionais e do mundo todo. Será uma simbólica e relevante forma de valorizar uma região importante para o Brasil e historicamente longe das prioridades. E também será uma forma de simbolizar a prioridade para a Amazônia que nós, como brasileiros, assumimos perante o mundo.

Os investimentos em infraestrutura e a compreensão de que temos de conciliar preservação com segurança jurídica irão impulsionar a atração de novos investidores para o Pará, e tenho certeza que esse será um legado intangível da COP 30 para o futuro da região.

A COP 30 é ambiental, mas é social. É social, mas é econômica. É econômica, mas é transcendental. É transcendental, mas é um ato de pragmatismo e marco de racionalidade. É tudo isso ao mesmo tempo.

Quero me colocar à disposição de todos os líderes e empreendedores brasileiros para que possam contar comigo e, juntos, possamos alinhar e aprofundar o significado e a amplitude no sentido mais prático possível que a consciência ambiental possui nos dias de hoje.

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Não podemos pensar e agir depois das catástrofes. Não podemos permitir que chegue um dia, se adiarmos demais as ações, em que nenhuma ação será suficiente e nosso modo de vida estará ameaçado, talvez sem nenhuma chance de recuperação. Por isso, é preciso colocar o ambiental na coluna do racional.

* Hélder Barbalho (MDB) é governador do Pará

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