Lula e Lira tentam acordo sobre o fim da isenção para 'blusinhas' chinesas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Câmara, Arthur Lira, devem conversar nesta quinta-feira (23) para tentar um acordo sobre o fim da isenção de impostos incidentes sobre compras no exterior abaixo de US$ 50 feitas por pessoas físicas, apurou a coluna.
Lira está pessoalmente empenhado no "jabuti" que foi incluído a pedido dele dentro do Mover, programa de apoio ao setor automotivo, cuja votação foi adiada mais uma vez hoje na Câmara dos Deputados.
Já o Planalto fechou questão contra o fim da isenção, preocupado com o impacto negativo para a imagem de Lula se subirem os preços das "blusinhas" importadas da China.
Segundo apurou a coluna, a decisão foi do próprio Lula após ouvir os conselhos da primeira-dama Janja da Silva. A assessoria de Janja nega que ela tenha se envolvido diretamente nas articulações.
A situação deixou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, numa saia justa. Ele vinha se empenhando em coibir as fraudes nas importações dos itens por empresas como se fossem pessoas físicas. Hoje bateu boca com deputados bolsonaristas sobre o assunto em comissão na Câmara dos Deputados.
Já Lira vem sendo pressionado pelo varejo e pela indústria que reclamam do que classificam como inundação de produtos chineses, que chegam diretamente aos consumidores por meio das plataformas de e-commerce.
Estudos encomendados pelas entidades representativas de ambos os setores apontam que a maior parte dos produtos são comprados pelas classes A e B, que é quem mais tem acesso ao e-commerce.
O argumento vem sendo utilizado para tentar convencer Lula, sem sucesso. O assunto provoca barulho nas redes sociais e se tornou bandeira do bolsonarismo, afetando a popularidade do presidente.
Lira havia costurado um acordo com os mais diversos partidos para acabar com a isenção, mas o acerto foi rompido pelo próprio PT, que pediu um destaque do "jabuti" dentro do projeto de lei. Depois, Solidariedade e o PL, de Jair Bolsonaro, fizeram o mesmo.
No início do ano passado, Janja se envolveu numa polêmica sobre o tema, quando Haddad tentou acabar com a isenção. Ela comentou um post do perfil Choquei que "a taxação é para as empresas e não para o consumidor".
A primeira dama acabou sendo bastante criticada, já que — embora a isenção dos importados abaixo de US$ 50 só atinja pessoas físicas — aumento de custos para as empresas geralmente acaba sendo repassado para o consumidor quando vigora o livre mercado.
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