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Câmara do DF aprova em 1º turno votação indireta para decidir sucessor de Arruda

Camila Campanerut <br>Do UOL Notícias <br>Em Brasília

17/03/2010 17h34

Atualizada às 17h46

É correta a eleição indireta para escolher o novo governador do DF?

O novo governador do Distrito Federal deve ser eleito por votação indireta. Por unanimidade, os deputados da Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovaram nesta quarta-feira (17), em primeiro turno, a mudança na Lei Orgânica que prevê que o posto de governador seja definido por meio de eleições indiretas, ou seja, votada pelos parlamentares da Casa. A alteração só entra em vigor após votação em segundo turno, que deve ocorrer em 10 dias. Dezoito deputados votaram pela eleição indireta.

OAB diz que cassação de Arruda servirá de base para outros casos de infidelidade

O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ophir Cavalcante, disse nesta quarta-feira que a cassação do mandato do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), criará uma importante jurisprudência para os casos de infidelidade partidária.

Ontem, o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do DF cassou por 4 votos a 3 o mandato do governador preso José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), por infidelidade partidária, mas deixou a cargo da Câmara Legislativa a definição para a sucessão de Arruda, que decidiu hoje à tarde pela votação indireta. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deve dar palavra final sobre a perda do cargo.

“Na verdade, a discussão da emenda tem sido feita há muito tempo. Há consenso na Casa. Não temos culpa que o TRE [Tribunal Regional Eleitoral] saiu antes. Mas à decisão do TRE ainda cabem recurso”, explica o presidente interino da Câmara, Cabo Patrício (PT).

A alteração na lei local acaba com a divergência que existia entre a Constituição Federal e a Lei Orgânica, que estabelecia que a sucessão ficasse com o vice, deixando o cargo com o governador interino Wilson Lima (PR) - que está desde 25 de fevereiro no lugar do ex-vice-governador Paulo Octávio (sem partido, ex-DEM), que renunciou. Octávio ficou como interino por alguns dias após o afastamento de Arruda, que se entregou à Polícia Federal e está preso desde 11 de fevereiro.

DEM não sinaliza interesse em ocupar o comando do governo do DF

Mais cedo, os integrantes da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e da Comissão Especial votaram, ambas por unanimidade, para que a legislação fosse modificada, evitando manobras de parlamentares e da defesa de Arruda que poderiam anular a decisão da Câmara, que antes não concordava com a Constituição Federal.

Candidatos
“Eu não sou candidato. Mas qualquer cidadão pode concorrer”, esclareceu Cabo Patrício. O presidente interino da Câmara afirmou que se houver vacância no cargo de governador, o que significa a cassação "definitiva" de Arruda, já com a emenda aprovada e promulgada, a Câmara tem o prazo de 30 dias para realizar as eleições indiretas – votada apenas pelos atuais 22 deputados distritais.

A composição original da Casa é de 24 parlamentares, mas há dois casos não resolvidos. Com a saída de Wilson Lima da presidência da Câmara, quem subiria na linha sucessória é o primeiro suplente, Pedro do Ovo, que ainda não compareceu à Casa para assumir o cargo. Ovo é um dos envolvidos no chamado mensalão do DEM.

Leonardo Prudente (ex-presidente da Câmara do DF) renunciou. O suplente dele seria o primeiro-secretário, Geraldo Naves (DEM), está preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, por tentativa de suborno. Por isso, está aberta essa vaga. Naves ainda não se manifestou sobre a ocupação do cargo vago dele - assunto que os parlamentares evitam comentar.