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Marina Silva diz que não será coadjuvante e critica polarização entre Dilma e Serra

Rayder Bragon

Especial para o UOL Notícias <br> Em Belo Horizonte

09/04/2010 12h09

A senadora Marina Silva, pré-candidata do PV à Presidência da República, disse nesta sexta-feira (9) em entrevista à rádio Itatiaia que o seu papel na próxima eleição não pode ser considerado de coadjuvante. Questionada se caberia a ela desempenhar papel de candidata que “tiraria votos” dos pré-candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), ela disse perceber o contrário.

“As pessoas têm uma visão patrimonialista no Brasil. Elas acham que o voto do eleitor já é de alguém. O voto do cidadão é dele. Eu digo: não tiro voto nem de Dilma, nem do Serra. Eu recebo voto do eleitor, porque o voto a gente não tira, é o eleitor que, conscientemente, vota naquele ele acredita. Foi por isso que o presidente Lula foi eleito”, disse.

A senadora afirmou ainda que a eleição não deveria ser um pleito polarizado entre PT e PSDB. “(A eleição) não é um embate entre Dilma e o Serra, é um debate: o que nós queremos do Brasil? O país é uma potência ambiental, precisa fazer jus ao que é. È preciso discutir como integrar a questão do meio ambiente e melhoria da vida das pessoas”, avaliou. Segundo ela, o país não precisa de um “gerentão”. A senadora disse que tanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso quanto o presidente Lula não desempenharam tal papel, mas tiveram “visão estratégica” para o país.

Sem citar nomes, mas alegando ver um tom discriminatório, a senadora disse ter se aborrecido pelo fato de, segundo ela, os opositores utilizarem contra ela argumentos que eram direcionados a Lula, quando da sua campanha para a Presidência.

“Eu fico triste porque vejo muita gente querendo usar as mesmas coisas que eram usadas contra o presidente Lula, e que eu tanto combati durante 30 anos, contra mim. Dizendo que (sou) mais ambientalista, (que vim) lá do Norte. O Brasil já aprendeu que foi muito bom ter o sociólogo e muito bom ter o operário e que será muito bom ter uma mulher na Presidência do Brasil”, disse.

Ela ainda citou sua eleição para o Senado como demonstração de cacife para sua candidatura ao Planalto. Marina diz que, à época, ouviu comentários de que deveria disputar primeiro uma cadeira de deputada federal e “não dar um passo maior que as pernas”.

“As pessoas são donas do seu voto. Elas não estão mais interessadas em uma disputa do poder pelo poder. Ou de ficar disputando se o currículo da (ex) ministra Dilma é mais denso do que o currículo do (ex) governador Serra. Por mais que eles sejam pessoas relevantes, o Brasil é maior do que os nossos currículos individuais”, afirmou a senadora, para quem “as pessoas deveriam olhar o Brasil de baixo para cima, esse Brasil que está se afogando no Rio de Janeiro”.

Rio de Janeiro

Sobre as mortes provocadas pelas chuvas no Rio de Janeiro, a senadora disse ter faltado empenho das autoridades para evitá-las. “É lamentável que ocorram essas tragédias e sejam tratadas como se fossem fenômenos naturais. As autoridades precisam trabalhar, os mais prejudicados são os pobres porque são jogados à margem. (...) Houve falta de uma visão de prevenção”, disse.