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Relatora aponta contradição em depoimento da deputada da bolsa no mensalão do DEM

Camila Campanerut<br>Do UOL Notícias

Em Brasília

17/05/2010 14h56

A deputada distrital Érika Kokay (PT-DF), relatora da comissão que apura o mensalão do DEM, considerou nesta segunda-feira (17) que o depoimento da deputada Eurides Brito (PMDB), flagrada em vídeo colocando somas de dinheiro na bolsa, mostrou contradições da defesa apresentada à Comissão de Ética, que avalia se houve ou não quebra de decoro parlamentar. Se tiver quebrado o decoro, Brito poderá ser cassada.

“Hoje, ela [Eurides Brito] disse que o layout da sala de [ex-chefe da Casa Civil do Governo do Distrito Federal José Geraldo] Maciel não permitia que se visse quem estava lá. Ela não o viu, mas admite que se ele [Durval Barbosa] tivesse passado pela sala de espera, ele poderia tê-la visto, o que desconstrói a defesa anterior”, detalhou a petista.

O episódio da presença da deputada na sala de espera de Maciel, citado por Kokay, faz parte de uma das gravações telefônicas registradas no inquérito nº 650, da Polícia Federal, em que Durval Barbosa conta que deputados distritais faziam filas para receber as propinas mensais. Um dos citados nessa gravação foi a deputada Eurides Brito. De acordo com Barbosa, entre 2003 e 2006, ela teria recebido R$ 30 mil por mês em troca de apoio a José Roberto Arruda (eleito governador em 2006 e cassado neste ano).

Mais cedo, Eurides Brito prestou depoimento na Comissão de Ética na Câmara Legislativa e reforçou o que já havia apresentado por escrito aos deputados de que o recebimento de R$ 30 mil foi único e a mando do ex-governador do DF, Joaquim Roriz (PSC) pela ajuda que ela teria dado ao fazer reuniões ém nome da campanha dele de 2006. Roriz nega.

Segundo a relatora, há outras divergências entre as declarações de Eurides e do delator do esquema de pagamento de propina no governo local -- conhecido como mensalão do DEM” --, o ex-Secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa.

Eurides tem até esta quarta-feira (19) para entregar as últimas informações para completar a sua defesa. Após isso, a relatora tem até o dia 27 deste mês para apresentar o parecer à comissão, prazo que pode ser prorrogado por mais 30 dias. Kokay, no entanto, adianta que não pretende utilizar o tempo extra e que, com este último depoimento, já é possível encerrar o relatório.

Caso o relatório seja pela cassação da deputada, a ação deverá passar pela aprovação dos cinco integrantes da Comissão de Ética, depois pela avaliação da Comissão de Constituição de Justiça e, por fim, os deputados da Câmara Legislativa devem referendar a decisão da Casa com votação em plenário.

Afastada pela Justiça

Na última sexta-feira (14), o juiz da 2° Vara do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), Álvaro Ciarlini, decidiu afastar a deputada Eurides Brito do cargo durante as investigações do envolvimento dela no esquema de corrupção. A deputada afirma que ainda não foi oficialmente notificada e que, assim que receber a notificação, irá recorrer da decisão.